Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas analisam como a ausência da criação do Estado palestino levou ao conflito atual, e discutem posicionamento do governo brasileiro em relação ao Hamas.
O confronto entre Israel e o grupo palestino Hamas tem dominado os noticiários desde o último sábado (7), quando uma incursão sem precedentes do Hamas em território israelense deflagrou um conflito sangrento entre as partes, que já soma mais de 2 mil vidas ceifadas.
Em entrevista aos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho, do podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas explicaram as raízes e os impactos do conflito.
Uma das questões é a classificação do Hamas como grupo terrorista. Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha condenado os ataques do Hamas, o governo brasileiro vem sendo criticado por não adotar a classificação.
Para Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), a decisão do governo brasileiro apenas reflete a posição da Organização das Nações Unidas (ONU), que também não classifica o grupo como terrorista.
“Não só o governo brasileiro não classifica dessa maneira [o Hamas como grupo terrorista], como nenhuma outra organização internacional, a ONU incluída. Nenhum governo do mundo classifica dessa maneira, com exceção de um ou dois governos, entre eles o de Israel e dos EUA”, diz Rabah.
Ele acrescenta que a classificação de um grupo ou Estado como terrorista está mais voltada a uma propaganda de guerra, que depende dos interesses de quem classifica.
“Veja como foram classificados, por exemplo, o Mandela, que ficou preso por 27 anos com uma única acusação, de que ele era terrorista. Os vietnamitas foram acusados de serem terroristas. Todos aqueles que lutaram por libertação nacional, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, foram também acusados de serem terroristas. Os judeus do gueto de Varsóvia que enfrentaram a Alemanha nazista na Polônia também foram acusados rigorosamente de serem terroristas.”
*Sputnik