Enquanto discutiam a formação de um fundo para a “lava jato” para administrar, entre outras receitas, o dinheiro pago pelas empresas atingidas pela autodenominada força-tarefa em acordos de leniência, o ex-procurador Deltan Dallagnol e Bruno Brandão, diretor da Transparência Internacional no Brasil, também faziam uma dobradinha para trocar impressões e revisar notas da TI e do Ministério Público Federal para ecoar as teses lavajatistas ou manifestar apoio recíproco. É o que revela mais um lote de mensagens obtidas na “operação spoofing” e a que a revista eletrônica Consultor Jurídico teve acesso.
Em 26 de junho de 2017, Brandão procurou o amigo para revisar uma nota que a Transparência Internacional pretendia publicar para esclarecer o motivo de a entidade ter negado doações oferecidas pelo ex-procurador. “vamos soltar uma nota, daqui a pouco lhe mostro. Ainda tenho que pegar a autorização com Berlim, mas veja o que acha, pf”, escreveu Brandão, enviando uma imagem — os diálogos são reproduzidos nesta reportagem em sua grafia original, diz o DCMM.
Deltan deu o seu palpite: “‘contribuir para a apuração dos fatos’ parece que quer contribuir com a apuração de atividade ilícita rsrsrs. da pra mudar um pouco essa parte? talvez ‘a Transparência Internacional é testemunha da intenção manifestada pelo Procurador Dallagnol de destinar os valores recebidos em palestras e em vendas de seu livro para o combate à corrupção’”.
Dois dias depois, Brandão e Dallagnol discutiram se ainda convinha divulgar o texto. “Fiz algumas alterações com base nas suas sugestões. Vc acha que ainda vale soltar isto agora ou esperamos se o assunto vier à tona novamente?”, perguntou o representante da Transparência. “Hummm boa questão… o assunto esfriou bastante. Vc manda a versão final pra eu perguntar pra ascom e outras pessoas o que acham?”, respondeu Deltan.
Um trecho da nota combinada entre os dois, assinada pela Transparência Internacional, dizia o seguinte: “Fomos consultados pelo Procurador Dallagnol sobre a destinação de recursos de uma possível premiação à Força Tarefa Lava Jato. Já ciente de nossos impedimentos para receber suas doações, o Procurador Dallagnol discutiu com a nossa equipe planos para a criação de um Fundo para o financiamento de projetos de controle