O presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT), afirmou, em entrevista ao GLOBO, que tem “muita confiança” de que as investigações da morte da vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada em março de 2018, chegarão ao mandante do crime. Uma reviravolta no caso trouxe novas suspeitas sobre o envolvimento de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Seu nome volta agora aos holofotes ao ser citado na delação do ex-PM Élcio Queiroz, conforme revelou, neste domingo, o colunista Bernardo Mello Franco, do jornal O GLOBO. Queiroz é acusado de participar de dirigir o carro de onde foram feitos os disparos que atingiram Marielle e o motorista Anderson Gomes , que estavam dentro de um automóvel, no Bairro do Estácio, próximo ao Centro do Rio.
— Tenho muita confiança no trabalho da federal. Tenho muita convicção que vai chegar aos mandantes, mas não posso e nem devo ficar buscando informação antes do tempo — afirmou Freixo.
Nas redes sociais, a vereadora Monica Benicio (Psol), viúva de Marielle, publicou uma imagem da vereadora e comentou sobre o tempo em que a família espera por respostas. “5 anos e 6 meses. 66 meses. 2.027 dias sem justiça. #QuemMandouMatarMarielle”, escreveu ela no storie compatilhado no Instagram.
Saiba quem é Domingos Brazão
Vereador, deputado estadual por cinco mandatos consecutivos (1999-2015) e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do (TCR-RJ), Domingos Brazão, de 58 anos, coleciona polêmicas e processos ao longo de seus mais de 25 anos de vida pública. Contra ele já foram levantadas suspeitas de corrupção, pela qual foi afastado e depois reconduzido ao cargo de conselheiro do TCE-RJ, fraude, improbidade administrativa, compra de votos e até homicídio.
A primeira vez em que Domingos Brazão se viu envolvido nas investigações do assassinato de Marielle foi após o depoimento do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, que acusou o então vereador Marcello Siciliano (PHS) e o miliciano Orlando Curicica como sendo os mandantes do crime. A Polícia Federal desconfiou e concluiu, após investigação, que Ferreirinha e sua advogada, Camila Nogueira, faziam parte de organização criminosa cujo objetivo era atrapalhar as investigações sobre a morte da vereadora.
A Procuradoria Geral da República pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que Brazão fosse investigado por suspeita de ter utilizado um policial federal aposentado, que era funcionário de seu gabinete no TCE-RJ, para levar Ferreirinha ao falso testemunho. A investigação apontou ainda indícios de ligação do conselheiro com o grupo conhecido como Escritório do Crime, que estaria envolvido na morte da vereadora.
O interesse de Brazão e seu clã seria prejudicar Siciliano, que estaria decido a disputar influência na Zona Oeste, região que tradicionalmente seria domínio de sua família. Em 2018, o jornal O GLOBO mostrou que tanto o grupo de Brazão quanto o de Siciliano apresentaram projetos de lei que poderiam favorecer a expansão de construções irregulares na Zona Oeste. Marielle vinha atuando em projetos de regularização fundiária na área, o que poderia estar incomodando o grupo.