O Senado e a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos uniram esforços neste sábado (30) para aprovar um projeto orçamentário crucial, estendendo o financiamento do governo por mais 45 dias e evitando o temido “shutdown” – uma paralisação que poderia interromper o funcionamento dos órgãos públicos.
Na Câmara dos Deputados, a medida passou com 335 votos a favor e 91 votos contrários, destacando o apoio substancial de parlamentares do partido Democrata, alinhado ao presidente Joe Biden. No Senado, com maioria democrata, a medida foi aprovada com 88 votos a favor e 9 contra, evitando assim o quarto “bloqueio” parcial do governo federal dos EUA em uma década.
O texto aprovado não inclui a verba que o governo pretendia destinar à Ucrânia, proposta que tem recebido críticas de parlamentares republicanos. Em contrapartida, prevê US$ 16 bilhões para apoio federal em catástrofes naturais, medida defendida pelo presidente Biden.
Por que as paralisações poderiam ocorrer?
A paralisação do governo dos Estados Unidos ocorre quando o Congresso não aprova os projetos de lei orçamentária até o início do ano fiscal, em 1º de outubro. Sem tais aprovações, não há recursos para pagar encargos de funcionários públicos e militares, conceder empréstimos para pequenos negócios e manter o funcionamento de parques nacionais, entre outros serviços.
Embora serviços essenciais, como os de saúde, não sejam afetados, uma paralisação prejudica significativamente a economia do país. As estimativas indicam que cada semana de paralisação representa uma redução de 0,1 a 0,2 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB), resultando em prejuízos bilionários (cerca de US$ 6 bilhões por semana).
Dificuldades nas discussões
O grande impasse nas discussões deste ano envolve cerca de 20 republicanos radicais na Câmara, que defendem cortes de gastos mais profundos e se opõem ao envio de recursos para a Ucrânia, atualmente em conflito com a Rússia. Além disso, eles criticaram um acordo fechado pela liderança do partido com a Casa Branca para elevar o teto da dívida.
O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, enfrenta desafios internos, uma vez que o mesmo grupo de radicais ameaça sua liderança. No entanto, ele conseguiu costurar um acordo com os democratas para evitar a paralisação, priorizando a continuidade do governo. “Vamos fazer o nosso trabalho”, declarou McCarthy, reforçando o compromisso de manter o governo aberto.
A Casa Branca, por sua vez, denunciou a oposição no Congresso por concluir desrespeitar um acordo prévio, firmado em maio, referente à elevação do limite de individualização do governo. O impasse político coloca em evidência as divergências partidárias e os desafios enfrentados pelos líderes políticos dos EUA.
Agora, com a aprovação do orçamento temporário de 45 dias, o governo dos EUA ganha algum fôlego, mas o cenário segue político marcado por déficit e demandas divergentes, exigindo um equilíbrio delicado entre as facções para garantir a estabilidade e o funcionamento adequado do país.
* Vermelho