Governo Lula melhora no indicador que mais importa para a próxima eleição

Governo Lula melhora no indicador que mais importa para a próxima eleição

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A parcela dos brasileiros que sentiu melhora na economia do país alcançou 35%, o maior patamar desde junho de 2015, segundo pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (17). A percepção da melhora na qualidade de vida fortalece Lula como cabo eleitoral para 2024 e reforça a chance de reeleição em 2026 ou de eleição de alguém por ele ungido.

Claro que falta mais de um ano até o pleito municipal e três para a escolha de um novo presidente. Até lá, expectativas podem ser confirmadas ou revertidas. Mas a política não ignora sinais como esse, o que pode ajudar as negociações para fortalecimento da base no Congresso e alianças nos estados.

A taxa dos que sentiram melhora na economia havia atingido 34% em outubro de 2022, lembrando que Jair Bolsonaro atropelou leis, instrumentalizou a Caixa e distribuiu dinheiro antes das eleições. O que incluiu, por exemplo, crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil (agora, quem pegou o empréstimo tem menos dinheiro para comer por conta dos descontos nas parcelas), além da distribuição de grana para taxistas e caminhoneiros.

Depois, pelo vácuo deixado pela ausência do governo nos dois últimos meses do ano (mais preocupado com joias e golpe de Estado), o índice caiu para 26% em dezembro e 23%, em março. Agora, subiu a 35%.

Além da percepção de melhora, houve queda na percepção de piora da economia, ainda que lenta: de 42% em outubro para 35% agora.

E tão importante quanto para o governo foi o aumento daqueles que relatam melhora da própria situação econômica: de 23%, em março, para 30%, em setembro.

Daqui em diante, há um compasso de espera, natural de uma população cansada e cética. De março até agora, variou dentro da margem de erro os que acham que a inflação e o poder de compra vão aumentar, cair ou se manter.

Ao mesmo tempo, entre os eleitores de Lula, o número dos que acreditam que a economia vai melhorar nos próximos meses passou de 76%, em março, para 66%, agora. Entre os de Bolsonaro, foi de 18% para 16%, mostrando que a polarização política contamina a visão sobre a economia.

Há duas percepções que influenciam economicamente o voto: aquela do eleitor sobre sua situação econômica e a do país e aquela baseada na tendência de mudança dessa situação – que pode ser de melhora, piora ou estagnação.

Essas percepções criaram um contexto positivo para a reeleição de Lula em 2006, mesmo com as denúncias sobre o mensalão.

A conjugação delas pode reforçar Lula como cabo eleitoral, candidato ou padrinho – ou não. Se o céu estiver de brigadeiro na economia em 2026, ou pelo menos não estiver troncho como nos últimos anos, as peças vão se mover em outras direções. O governador Tarcísio de Freitas, por exemplo, deve tentar a reeleição mais garantida ao Palácio dos Bandeirantes, o que abre caminho para outro nome.

O primeiro teste do governo federal sobre isso será a campanha eleitoral na maior cidade do país, no qual Lula apoiará o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

O Brasil atingiu a menor taxa de desemprego para um trimestre encerrado em julho desde 2014, com 7,9%, segundo o IBGE. Ao mesmo tempo, a proposta do governo para o salário mínimo de 2024 é de R$ 1.421. Isso significa o segundo ano de aumento real (acima da inflação), fruto do retorno do retorno da política de valorização do mínimo, que havia sido abolida por Jair Bolsonaro.

E a prévia do PIB veio maior que a esperada e a inflação de agosto que foi medida chegou menor. Por questões climáticas, conjunturais, internacionais e políticas, a carne despencou. E a picanha, sim ela, está mais de 9% mais barata desde o início do ano.

Se emprego e renda dos trabalhadores crescerem, os juros se mantiverem em viés de baixa, a inflação ficar controlada e os novos valores do Bolsa Família continuarem sendo pagos à população mais vulnerável, a sensação de bem-estar material vai garantir que o presidente Lula ajude a empurrar Boulos.

*Leonardo Sakamoto/Uol

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