Articulação ocorre após ministro do STF conceder habeas corpus a aliada de Anderson Torres.
A cúpula da CPI do 8 de janeiro estuda entrar com uma representação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra o ministro Kassio Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal), diz Mônica Bergamo, Follha.
A articulação ocorre após o magistrado conceder um habeas corpus à delegada Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, e blindá-la de uma oitiva que seria realizada pela comissão nesta terça-feira (12).
A decisão do ministro do Supremo causou espécie entre deputados e senadores que integram o comando da comissão por permitir que a investigada faltasse ao depoimento. Em outras ocasiões, magistrados da corte permitiram que os convocados ficassem em silêncio, mas não que se ausentassem.
No entendimento de parlamentares ouvidos pela coluna, a decisão de Nunes Marques representa uma obstrução aos trabalhos da CPI e um precedente perigoso, uma vez que todo e qualquer depoente poderia recorrer ao STF para se ver livre de prestar esclarecimentos.
O habeas corpus, concedido em decisão monocrática e sigilosa, teve o condão de unir os integrantes da cúpula do colegiado à esquerda, ao centro e à direita. A advocacia do Senado já recorreu.
Braço direito do ex-ministro Anderson Torres no Ministério da Justiça e na Secretaria de Segurança do Distrito Federal, Marília Alencar foi convocada pela CPI para prestar explicações sobre as operações realizadas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) durante o segundo turno das eleições de 2022.
A delegada é apontada como a responsável por um levantamento sobre os municípios em que os então candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) tinham sido mais bem votados no primeiro turno do pleito.
A suspeita é de que o mapa tenha sido utilizado para montar diversas blitze da PRF e dificultar a chegada de eleitores do petista aos seus locais de votação.
Como a delegada não compareceu, a CPI do 8 de janeiro ouviu nesta terça a policial militar Marcela Pinno, que foi agredida durante o ataque golpista contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.