Moisés Mendes*
Um 7 de setembro quase invisível, que cumprisse carnê e transmitisse apenas uma ideia e uma mensagem de volta à normalidade. É o que seria ideal para o momento.
Um 7 de Setembro sem protagonismo, sem exageros cívicos, sem patriotadas e sem discursos grandiloquentes
Que seja um 7 de Setembro para apagar a imagem do véio da Havan correndo no meio da rua em Brasília e acenando para o povo, como se fosse uma assombração verde-amarela, como aconteceu no ano passado.
Que faça o Brasil esquecer a cena que envergonhou a todos, daqueles tanques barulhentos e fumegantes como Chevettes velhos, do desfile de 2021.
Que arrede os militares para seus compartimentos e tire os generais da boca de cena.
Que nenhum fotógrafo metido a engraçadinho faça aquela foto manjada como se Lula estivesse com o quepe de um milico que está encoberto ao fundo.
Que Lula diga que o 7 de Setembro é do povo como o céu é das pandorgas e que a partir de agora será sempre assim, uma festa com nada além dos seus significados históricos.
E que todos os que estiverem predispostos a esculhambar com o 7 de Setembro saibam que tudo o que eles fizeram antes nessa linha não deu certo por burrice combinada com ignorância e incompetência, o que no fim é tudo a mesma coisa.
Que os brasileiros comecem a se costumar com a ideia de que a bandeira será resgatada pelos democratas.
Que os ainda constrangidos comecem usando bandeirinhas pequenas no escritório, até o dia em que as bandeiras de grande porte serão incorporadas às grandes manifestações antifascistas.
*Do blog de Moisés Mendes