Condenado por Bretas a 99 anos de prisão, Pezão reverteu sentença no TRF-2 e, agora, vai pra cima da Lava Jato; assista.
O ex-governador do Rio de Janeiro (RJ), Luiz Fernando Pezão, narrou em entrevista exclusiva ao GGN um pouco de sua experiência como alvo da Lava Jato do Rio de Janeiro. Pezão afirmou que buscará reparação pelos transtornos que sofreu no curso da operação Boca de Lobo, uma das fases da Lava Jato fluminense.
Com base em delações premiadas, Pezão foi precocemente afastado de seu mandato e mantido preso por quase um ano, a partir de novembro de 2018. Ele chegou a ser condenado pelo então juiz de piso Marcelo Bretas a 99 anos de prisão por acusações de corrupção, mas a sentença foi revertida na segunda instância, quando o TRF-2, em abril de 2023, decidiu absolver o ex-governador.
Agora, Pezão estuda, junto à sua defesa, a possibilidade de ingressar na Justiça buscando reparação pelos transtornos e violações que sofreu desde sua prisão midiática, em 2018.
“Tenho pessoas calculando o dano que foi feito. Vou correr atrás, você não tenha dúvida”, disse Pezão ao canal TV GGN. “A gente [defesa] esperou para ver se iria ter algum recurso [do Ministério Público Federal] para o STJ [Superior Tribunal de Justiça] e STF [Supremo Tribunal Federal]. Diante deles não terem recorrido, eu vou correr atrás dos meus direitos, quero reparação dos danos”, disparou o ex-governador.
O MPF acusou Pezão de ser suspeito de receber propina de 150 mil reais enquanto era vice-governador do Rio de Janeiro, de acordo com a palavra do delator Carlos Miranda. Além de afastado do mandato e preso, Pezão teve ainda seus bens bloqueados pela Justiça.
Risco na prisão
Na entrevista ao GGN, ele lembrou do dia em que foi detido e levado para um presídio onde corria risco de vida. “Seis homens de fuzil, 4 mulheres de metralhadora, todos apontados para minha cabeça e da minha mulher. Fui retirado [de casa] às 6 horas da manhã, e às 5 horas da tarde [já estava] dentro de um presídio com PM’s que muitos ali tinham sido presos no meu governo”, narrou.
Pezão ainda salientou a diferença de tratamento comparado com a situação do ex-governador Wilson Witzel, que embora também implicado em investigações por corrupção, sofreu o processo de impeachment segundo os ritos estabelecidos, e teve direito de defesa.
“Não foi me dado o direito como deram pro Witzel. O secretário dele tinha a prova concreta de ser pego com 8 milhões e meio [de reais dentro do carro, que falavam que ‘era do governador’. O Witzel pegou processo, sofreu impeachment, ficou seis meses dentro do Palácio [se defendendo]”.
Foto em destaque: Tânia Rego/Agência Brasil
*GGN