Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), teve participação na disseminação de notícias falsas sobre as vacinas contra Covid-19, em uma rede que contava com parentes de militares. Também foram identificadas conversas em grupos sobre como fraudar os certificados de imunização. Os dados foram extraídos do aparelho celular de Gabriela Cid, apreendido durante operação da PF que prendeu o tenente-coronel Mauro Cid.
Em mensagens trocadas com seus contatos, a esposa do oficial diz em tom de ironia: “tomei minhas doses kkkkk”. Ela, no entanto, nunca foi imunizada. Gabriela Cid tinha um certificado falso. A partir das informações extraídas do celular de Gabriela Cid, segundo Aguirre Talento, do UOL, a PF avalia que ganham ainda mais peso as suspeitas da participação de Mauro Cid e sua família em um esquema de fraudes em certificados de vacina, segundo o agenda do Poder.
Também foi encontrada no celular de Gabriela Cid uma lista de tarefas necessárias para sua viagem aos Estados Unido. Um dos itens era exatamente o “cartão de vacinação”. Ao lado, ela colocou um símbolo indicando que a tarefa havia sido resolvida, o que aponta para o uso do certificado falso para entrar em território estadunidense.
Em um outro diálogo consultado pela PF, Gabriela Cid criticou a necessidade de utilizar máscara de proteção contra o coronavírus. Ela ainda diz em novembro, após a eleição do presidente Lula (PT), que o novo governo iria impor novamente as restrições da Covid-19. A esposa do militar ainda diz que a companhia de balé de sua filha havia solicitado o uso de máscaras. “Falei que ela não irá de máscara”, escreveu
Em mensagem datada de 30 de novembro de 2022, Gabriela Cid faz um pedido a uma amiga, buscando obter um vídeo contendo informações falsas sobre a Covid-19, com a intenção de compartilhá-lo com outras pessoas: “vc tem aquele documentário sobre a vacina? Mostrando os coágulos sendo retirados nas autópsias?”.
As autoridades da Polícia Federal identificaram imagens provenientes de um grupo no WhatsApp denominado “Mulheres 2.0”, do qual Gabriela Cid era uma participante ativa. Nesse grupo, os membros, ainda não identificados pela PF, debateram métodos para adulterar o ConecteSUS, o sistema do Ministério da Saúde responsável por rastrear as doses de vacinação administradas aos cidadãos brasileiros. O diálogo teve início após o compartilhamento de uma notícia datada de dezembro do ano anterior, a qual alegava que o Ministério da Saúde havia encomendado 50 milhões de doses da vacina Pfizer. Logo após, uma das participantes afirmou que o governo do presidente Lula pretendia impor uma vacinação compulsória à população brasileira, o que não se concretizou. As integrantes do grupo então discutiram maneiras de combater a vacinação, com uma delas mencionando ter adquirido nos Estados Unidos um cartão falso de vacinação da Pfizer. Outra deu a ideia de fraudar o ConecteSUS, sugerindo: “contrate um hacker para colocar no ConecteSUS. Ou fala que o celular foi roubado e não tem como mostrar”. Finalmente, uma das participantes admitiu possuir conhecimento sobre um esquema de falsificação de certificados: “meu marido tem um amigo que faz parte de um grupo chamado ‘não vacinados’. Eles todos têm o ConecteSUS. Rs. Vou descobrir o esquema”. A Polícia Federal considerou esse diálogo relevante, especialmente porque Gabriela Cid também havia produzido um certificado falso de vacinação.