Partido dos Trabalhadores (PT) tomou uma decisão histórica ao anunciar o seu apoio ao deputado federal Guilherme Boulos, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), como candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. Isso representa a primeira vez que o PT não lançará um candidato próprio na capital paulista, uma vez que, em eleições passadas, o partido já havia governado a cidade por meio de Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad. Essa estratégia de não liderar a chapa também se estende a outras metrópoles, como o Rio de Janeiro e Recife, onde o PT planeja se unir aos prefeitos atuais, Eduardo Paes (PSD) e João Campos (PSB), respectivamente, segundo O Globo.
A mudança de abordagem do PT em relação às eleições municipais é uma resposta a um desempenho insatisfatório nas eleições de 2020, quando o partido não conseguiu eleger nenhum prefeito nas capitais. A opção por alianças visa construir uma frente ampla de oposição ao bolsonarismo, que foi uma estratégia bem-sucedida na eleição presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.
O apoio ao candidato Boulos foi acordado após uma negociação no ano anterior. Boulos retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo em favor de Fernando Haddad, do PT, na eleição estadual. Em troca, o PT prometeu respaldar a candidatura de Boulos em 2024, mas com a condição de indicar a vice na chapa. A favorita para esse cargo é Ana Estela Haddad, esposa de Fernando Haddad e atual secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde.
No entanto, essa decisão não é unânime dentro do PT. Alguns membros, incluindo Jilmar Tatto, secretário nacional de Comunicação do partido, expressaram publicamente seu apoio a uma candidatura própria do PT em São Paulo. Eles consideram a decisão um erro, embora reconheçam o acordo feito.
Dentro do partido, há também preocupações sobre como a aliança com Boulos será conduzida. Alguns vereadores do PT temem perder sua posição, uma vez que Boulos precisará garantir o engajamento da chapa de vereadores em sua campanha. Além disso, espera-se que Boulos defenda os governos anteriores do PT e atue de forma a proteger o partido contra críticas.
O desafio para Boulos será atrair eleitores de centro e moderados, já que a oposição pode tentar associá-lo ao radicalismo. Além disso, ele competirá com adversários que também têm conexões com o governo Lula, como a deputada federal Tabata Amaral e o ex-governador Geraldo Alckmin. Apesar das discordâncias internas, a união entre PT e PSOL tem o objetivo de unir forças para combater o bolsonarismo, e o programa de governo resultante buscará incorporar as contribuições de ambos os partidos.