A capacidade de arrecadação de dinheiro da extrema direita, em circunstâncias previsíveis e inusitadas, é um dos fenômenos da política brasileira.
Deltan Dallagnol já mobilizou os admiradores do lavajatismo e arrecadou perto de R$ 1 milhão em pouco dias.
O ex-procurador e deputado cassado fez campanha de arrecadação para pagar uma indenização de R$ 70 mil a Lula e captou via Pix quase R$ 800 mil.
Depois, recebeu espontaneamente, logo após ter o mandato cassado pelo TSE, mais contribuições que ele mesmo alardeou, sem revelar os valores.
E agora a informação bombástica é a da arrecadação, por Bolsonaro, de R$ 17,2 milhões também via Pix este ano.
No ano passado, o Criança Esperança da Globo mobilizou todas as estrelas da casa e arrecadou R$ 15,8 milhões, segundo o próprio grupo.
O extremista inelegível conseguiu arrecadar uma soma R$ 1,4 milhão maior do que a da mais consagrada promoção beneficente da Globo. E conseguiu o milagre do Pix em meio ano.
Mas ele não terá que prestar contas da origem e do uso desse dinheiro? O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou as ‘doações’, e o Ministério Público irão investigar as suspeitas de lavagem de dinheiro?
O fascismo sempre soube lidar com altas somas, enquanto seus prepostos procuravam o presumido dinheiro escondido de Lula e Dilma.
Nunca acharam nada, um centavo, de movimentação suspeita de dinheiro de nenhum dos dois, durante os seis anos da caçada do lavajatismo e os quatro ambos de bolsonarismo no poder.
Mas em pouco tempo lavajatistas e fascistas conseguem arrecadar uma dinheirama inimaginável. O mesmo Dallagnol havia arrecadado R$ 2,5 bilhões da Petrobras, em estranha operação, para criar uma fundação de combate à corrupção.
Os amigos mais próximos esperavam que Bolsonaro pudesse movimentar tanto dinheiro por Pix, com o pretexto de que são doações para pagar multas de processos na Justiça? Os amigos sabiam do tamanho dessa captação?
De onde saiu o dinheiro da movimentação de R$ 3,2 milhões por Mauro Cid, também descoberta pelo Coaf, sendo que parte dos recursos foi enviada aos Estados Unidos exatamente quando ele viajou à Flórida para se encontrar com Bolsonaro?
De onde saíram os milhões (não há ainda um valor exato) movimentados nas contas de Ronnie Lessa e Maxwell Simões Corrêa, envolvidos no assassinato de Marielle Franco?
De onde vieram os R$ 25 milhões que a família Bolsonaro usou, em dinheiro vivo, para comprar 51 imóveis, conforme denunciou o UOL no ano passado?
De onde a extrema direita tira doadores e dinheiro para seus negócios suspeitos e suas empreitadas criminosas da pilantragem esperança?