Semana foi marcada por divergências dentro do PL. Bolsonaro orientou voto contrário à reforma tributária, mas foi traído por 20 deputados.
A votação da reforma tributária evidenciou o desgaste do ex-presidente Jair Bolsonaro no Partido Liberal (PL). Presidida por Valdemar Costa Neto, a sigla adotou Bolsonaro como presidente de honra da legenda e “mentor” das decisões tomadas pelas bancadas no Congresso Nacional, diz o Metrópoles.
A posição de Bolsonaro como conselheiro do partido foi intensificada após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) torná-lo inelegível por oito anos. Os últimos dias, no entanto, foram marcados por uma série de divergências dentro da sigla.
Desde que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou as tratativas para votar a reforma tributária, Bolsonaro se opôs ao projeto. Aliados do ex-presidente, no entanto, seguiram caminho contrário.
Apesar do histórico de oposição do estado de São Paulo à reforma tributária, Tarcísio de Freitas, governador do estado e ex-ministro de Bolsonaro, abriu diálogo com o governo federal e decidiu se posicionar a favor do projeto.
O movimento desagradou Bolsonaro. Em reunião com as bancadas federal e estadual do PL na quinta-feira (6/7), o ex-presidente chegou a interromper discurso de Tarcísio.
“Gente, a grande questão é construir um bom texto”, disse o governador de SP na ocasião. Bolsonaro pegou um microfone, nesse instante, e disse: “Se o PL estiver unido, não aprova nada”. “Eu tô tentando explicar… eu tô tentando explicar”, continuou o governador.
A situação causou desconforto no partido. Isso porque, apesar de ser filiado ao Republicanos, Tarcísio foi a aposta de Bolsonaro para o governo de São Paulo nas últimas eleições.
As críticas de Bolsonaro e da oposição à reforma não foram suficientes para atrapalhar a tramitação do texto. A matéria foi aprovada com folga na madrugada de sexta-feira (7/7): foram 382 votos favoráveis e 118 votos contrários no primeiro turno. No segundo, foram 375 a favor e 113 contra.
O resultado, no entanto, não foi mérito apenas da base governista. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), precisou articular com lideranças para garantir a aprovação do texto. Além disso, como moeda de troca, Lula liberou, em dois dias, R$ 7,5 bilhões em emendas parlamentares.