Luís Costa Pinto*
Não foi o placar que tangenciou os 400 votos favoráveis à Reforma Tributária, levando-a a ser aprovada na Câmara dos Deputados ainda no 1º semestre do ano, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, haviam prometido, e começando a promover a maior alteração do capítulo tributário da Constituição de 1988 desde que a Carta foi promulgada.
Não foi o ambiente de intensas e produtivas reuniões entre os três poderes da República, suas lideranças e formadores de opinião, investidores daqui mesmo e do exterior e instituições regulatórias e fiscalizadoras, criado nos dois últimos meses, em torno da pauta econômica do Brasil e da reinserção do País nos pólos de decisão do mundo em torno de transição energética e preservação ambiental (entre outros).
Não foi apenas a intersecção dessas duas agendas no âmago das discussões reais e das prioridades em Brasília e de lá para o resto do território nacional. Não!
A grande e velha novidade do Brasil nesse primeiro ciclo de seis meses do 3º mandato de Lula é ver o conjunto desses temas, aliado ao transcurso em plena normalidade do julgamento que decretou a inelegibilidade do trágico personagem “Jair Bolsonaro” na Corte eleitoral e ao pleno funcionamento das instituições democráticas e republicanas – atacadas e vilipendiadas no dia 8 de janeiro de 2023 – reconstruírem tijolo a tijolo seus prédios e seus espíritos e propósitos assentados no Estado de Direito com a apuração de culpas e a incriminação dos responsáveis pela Grande Infâmia da tentativa de golpe.
Depois de vencer o golpismo atroz tentado pelo bolsonarismo, cevado pelo ódio e pelos recalques dos discursos desconexos do ex-presidente, derrotado nas urnas, e da choldra de militares, ex-militares, policiais militares e ex-PMs, capangas, jagunços, milicianos, e até “inocentes” úteis (e inúteis também), o presidente da República eleito em outubro do ano passado tratou de reorganizar o País internamente e restaurar os mais marcantes programas sociais e de transferência de renda que tivemos em pleno funcionamento entre 2003 e 2016. Em paralelo, soube identificar quais os gargalos legislativos que travavam o crescimento e o bom ambiente de negócios – reviu-os todos. E voltamos a andar, como Nação, olhando para a frente aqui dentro e de cabeça erguida lá fora.
Há muito o que fazer ainda, sobretudo aprovar a Reforma Tributária no Senado e promulgá-la, de fato, até o fim do ano, e tempo escasso para tantas vitórias. Porém, o Brasil do Governo Lula abre o calendário do segundo semestre de 2023 como um País com rumo e que sabe onde quer chegar. Acima de tudo, com uma equipe de comando – o presidente, seu vice Geraldo Alckmin, a liderança da área econômica personificada em Fernando Haddad (mas, também, necessário destacar o empenho colaborativo da ministra Simone Tebet, o foco total de ministros como Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, Flávio Dino, da Justiça e Marina Silva, do Meio Ambiente) – que tem rumo e não chegou à Esplanada e à Praça dos Três Poderes por estarem a passeio ou por serem aventureiros. Não. Em seis meses de Governo, Lula e sua equipe fizeram o Brasil enterrar a pauta de ódio e olhar para a frente desnorteando o bolsonarismo e o trágico mito deles.
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