Em depoimento à PF (Polícia Federal) nesta terça-feira (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que não sabia do esquema para falsificar seu certificado de vacinação e que, se o tenente-coronel Mauro Cid arquitetou tudo, foi “à revelia e sem o seu conhecimento”. Cid era o seu ex-ajudante de ordens e está preso desde o dia 3 de maio.
O que Bolsonaro disse sobre a vacina
Bolsonaro frisou que não acredita que o militar tenha participado da inclusão de dados falsos em seu nome e em nome de sua filha mais nova, Laura.
Se aconteceu, foi sem o seu consentimento. Ao ser questionado se Mauro Cid agiu sem seu conhecimento, Bolsonaro disse não acreditar que ele tenha arquitetado o esquema. Mas, se o tiver feito, foi à sua revelia.
O depoimento durou cerca de três horas. O UOL teve acesso ao depoimento. Bolsonaro disse ter tomado conhecimento do cartão falso no dia da deflagração da Operação Venire pela PF.
Respondeu que se Mauro Cid arquitetou foi à revelia, sem qualquer conhecimento ou orientação do declarante; que não determinou a inserção de dados fraudulentos nos sistemas. Que acredita que Mauro Cid não tenha arquitetado a inserção de dados falsos em seu nome em nome de sua filha no sistema do SI-PNI do Ministério da Saúde.”
Bolsonaro disse ainda não ter conhecimento da inserção de dados falsos de seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e da esposa, Gabriela, no sistema do SUS.
O ex-presidente também negou ter conhecimento de um esquema para conseguir um comprovante falso de vacinação porque havia a suspeita de que seu passaporte diplomático seria cassado. Ele viajou aos Estados Unidos dias após a suposta fraude atribuída pela PF a Mauro Cid.
O que Bolsonaro disse sobre sua conta no ConecteSUS
Bolsonaro foi confrontado pelos agentes com os acessos feitos à sua conta no aplicativo ConecteSUS, usado para emitir um comprovante de vacina, a partir da rede do Planalto. Em resposta, o ex-presidente disse que “sequer comentou sobre certificado de vacinas” com Mauro Cid.
Ajudante de ordens administrava a conta pessoal do ex-presidente no aplicativo ConecteSUS. O próprio Bolsonaro confirmou à PF essa e informação. Por esse motivo, o e-mail de acesso ao perfil era de Mauro Cid.
Bolsonaro disse não ter conhecimento de quem poderia ter usado o seu aplicativo a partir do Planalto, e tampouco quem emitiu um certificado em inglês em nome de sua filha, Laura, às vésperas de uma viagem da adolescente aos EUA.
Não tem conhecimento sobre quem teria acessado e emitido o referido certificado; QUE sequer sabe acessar o aplicativo ConecteSUS; QUE o declarante e sua esposa não realizaram o cadastro no sistema GOV.BR e ConecteSUS em nome de L.F.B; QUE pelo fato de L.F.B não ter sido vacinada, não tinham motivo para acessar e emitir certificado de vacinação em nome de sua filha”Trecho do depoimento de Bolsonaro à PF