Ciro Gomes volta a fazer as declarações estapafúrdias e agressivas que estávamos acostumados nas eleições. Sempre na mesma linha: atascar Lula e tentar enfraquece-lo.
Agora, na hora em que Lula mais precisa de apoio, em início de governo, diante da herança desastrosa de Bolsonaro, enfrentar o sistema financeiro na luta para baixar os juros, a difícil tarefa de lidar com o fisiologismo que dificulta os avanços na política brasileira e enfrentar o conservadorismo e a direita mais raivosa que ainda teima permanecer.
Ciro surge em uma palestra para estudantes de direito em Lisboa, nessas situações que sempre se arma quando há algum propósito político em mente. Disse que Lula não fará transformações, a querer dizer que ele é quem faria, com um projeto tortuoso e, por isso, enganoso, com nacionalismo aparente e “modernização” da legislação trabalhista e previdenciária que, no fim da linha, retira direitos e abre ao sistema financeiro.
Além de ter se apresentado em um partido hoje nitidamente fisiológico, que deixou de empunhar bandeiras de interesse do povo brasileiro já há algum tempo.
Voltou a se referir que Lula não foi absolvido, pura excrecência jurídica e ofensa ao bom senso.
Ciro está na dele e até nem mereceria referência ou atenção.
O grave e delicado na questão é que ele é Vice Presidente nacional do PDT e o Presidente (nem é bom relembrar por pruridos morais) é Ministro do Governo Lula. Há uma questão moral grave nesse episódio, se é que esta é uma coisa que circula em algumas áreas da política brasileira.
O Ministro Presidente do partido se esconde, se encolhe, finge que não é com ele, como sempre fez na vida. Mas esta questão moral corrói a política brasileira. Quando os dirigentes não se sentem comprometidos ou envolvidos com os princípios que proclamam ou simbolizam carregar, tudo se desanda. E fica mais difícil domar o fisiologismo, esta praga pegajosa da política.
Não podemos assistir a isto sem nos indignarmos. É o que todos nós sabemos que Brizola faria.