Lula deverá fazer rodada de conversas com bancadas e ministros para aproximar parlamentares do Executivo.
O Palácio do Planalto dá sinais de que manterá sua forma de articulação política com o Congresso Nacional mesmo após a primeira derrota expressiva do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados e diante da crescente pressão por celeridade na liberação de emendas e nomeações de indicações políticas em cargos do Executivo, segundo a Folha.
As emendas parlamentares são recursos para deputados e senadores enviarem para obras e projetos em suas bases, com ganho de capital político eleitoral —e, por isso, são usadas como moeda de troca nas negociações.
Sob Lula, o Planalto concentrou em suas mãos a liberação desses recursos, diferentemente do que ocorreu no governo Jair Bolsonaro (PL), quando a gerência ficou a cargo da cúpula do Congresso e dos líderes das bancadas partidárias.
O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de líderes de partidos que compõem a base do petista, defendem que o modelo seja mais descentralizado, permitindo a participação do Legislativo, o que fortalece os líderes e os presidentes da Câmara e do Senado.
Lula foi eleito presidente contando com uma pequena base de parlamentares de esquerda no Congresso, cerca de um quarto das cadeiras. Com isso, tem buscado aproximação e alianças com partidos de centro e de direita, mas há ainda muita insatisfação e ameaças de rebelião.
Parlamentares criticam, principalmente, a atuação dos ministros Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) na articulação política.
Auxiliares de Lula, no entanto, afirmam que uma reforma ministerial está descartada neste momento.
O próprio presidente da República sinalizou que não fará mudanças em seu time. Apesar de ter cobrado Padilha publicamente na quinta (4) durante reunião do Conselhão, Lula disse neste sábado (6) que “em hipótese alguma” cogita mexer na equipe.
“O Padilha é o que o país tem de melhor na articulação política”, afirmou o presidente em Londres, onde acompanhou a festa para a coroação de Charles 3º.
“Se tiver desavença em política, tudo se acerta. O mais difícil é ir sempre acertando. São 513 deputados e um só coordenador político. Às vezes pode acontecer um certo desacordo que vamos acertar. Na política tudo tem jeito. A única coisa impossível é Deus pecar. O resto, tudo é possível”, disse o presidente.