Ao defender a volta das emendas RP-9, o presidente da Câmara criticou a atuação do ministro da Secretaria de Relações Institucionais.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) atacou, em publicação em seu perfil no Twitter, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamado de “imperador” e classificado como um “bolsonarista”. A mensagem foi uma resposta à declaração de Lira que, em entrevista ao GLOBO, criticou a atuação da Secretaria de Relações Institucionais do governo, chefiada pelo ministro Alexandre Padilha. Ambos eleitos pelo estado de Alagoas, Renan e Lira têm histórico de atritos e disputam poder e influência local.
Na publicação, Renan afirmou que Lira, “depois de querer rasgar Constituição”, quer também “ressuscitar o orçamento secreto, degolar ministros de Lula pra inflar seus sabujos”.
Em entrevista ao GLOBO, Lira defendeu a volta das emendas RP-9, de relator, que eram utilizadas para compor o chamado orçamento secreto. Ao ser questionado se o mecanismo fazia falta, o presidente da Câmara disse que “não interfere em sua vida”, mas, sim, na governabilidade. Segundo ele, os partidos querem “favorecimento de obras e serviços públicos para aumentar o seu escopo político e atender as suas bases”. Nesse contexto, Lira disse também que “o governo precisa se organizar, mais especificamente a Secretaria de Relações Institucionais”.
Ao falar especificamente sobre Padilha, o presidente da Câmara disse que o ministro “tem tido dificuldades” e que “não tem se refletido em uma relação de satisfação boa”.
—Talvez a turma precise descentralizar mais, confiar mais. Se você centraliza, prende muito. Há muita dificuldade, talvez pelo tempo que o PT passou fora do poder — afirmou Lira, o que provocou a manifestação do adversário político.
Eleitos pelo estado de Alagoas, Lira e Renan têm travado disputas políticas constantes, o que envolve o controle do estado. Nas eleições do ano passado, que mantiveram o governador Paulo Dantas (MDB) no Executivo alagoano, por exemplo, os parlamentares trocaram farpas constantemente nas redes sociais, em meio a uma disputa jurídica que afastou Dantas do cargo às vésperas do pleito. Ele era apoiado pelo seu correligionário, Renan, enquanto Lira fez campanha pelo senador Rodrigo Cunha, do União Brasil.
A disputa pelo comando da Câmara e do Senado também faz parte do cabo de guerra entre os dois, o que também foi mencionado pelo emedebista na publicação.