Wadih Damous esteve com o general, diz que Dias não foi conivente com os atos, mas “não esteve à altura dos acontecimentos”.
Um dos primeiros petistas a chegar no Palácio do Planalto após os atos de vandalismo do 8 de janeiro, o ex-deputado Wadih Damous, do PT, contou ao Blog do Noblat como foi o encontro com o general Gonçalves Dias, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), naquele dia, na sua sala.
Damous estava acompanhado do ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta e os dois chegaram a fazer vídeos da destruição de salas, móveis, objetos e instalações do Planalto (na foto acima). O secretário relatou que encontrou Dias “prostrado e absolutamente transtornado” e o isenta de envolvimento com os atos.
Trechos da entrevista:
Blog do Noblat – O sr. esteve no Planalto naquele dia logo após aqueles atos e como encontrou o general Dias?
Wadih Damous – O ministro Pimenta me chamou para ir lá no Planalto e percorremos as instalações do Planalto para constatar o grau do estrago. E passamos pelo andar da sala do general Dias. Ele estava sentado, sozinho, transtornado. O Pimenta o interpelou sobre o que aconteceu, se ele tinha feito alguma coisa. Ele repetia que vinha gente de todo o lado, gente de 360 graus.
Blog – O sr. acredita que ele teve alguma responsabilidade sobre alguma coisa?
Damous – Sinceramente…Ele é amigo do presidente Lula de longa data. Tenho certeza absoluta que não teve conivência dele nisso. Mas ficou demonstrado que ele não estava à altura dos acontecimentos, daquilo que se esperava de um general. A imagem que passa e o que se espera é altivez de comando. Não foi isso que vimos. O que vimos foi um senhor prostrado, sentado à mesa, sozinho e absolutamente transtornado.
Blog – O sr. entende que não havia condição mesmo de o general seguir no cargo?
Damous – A saída dele se impôs. Foi a gota d’água. Repito que, pelo que vi, não demonstra conivência. Aquela imagem dele que está circulando já foi depois do quebra-quebra. Aquele pessoal que ele está ali apontando já era de remanescentes. Foi uma ação orquestrada. Então, não acho que mostra conivência.
Blog – O sr. defende que o GSI siga sob comando de um militar ou passe para a direção de um civil?
Damous – É uma questão em debate. Particularmente, melhor que seja um civil. É minha opinião. Mas o debate está em aberto. Pelo menos, é preciso dar um novo desenho institucional.
*Blog do Noblat