O método foi criado por Leonela Inés Relys Díaz, e já tem alfabetizado quase 11 milhões de pessoas em mais de 30 países.
Moradora da Vila Pedreira há 40 anos, bairro Cristal, Natália faz parte da primeira turma de alunos do curso de alfabetização de Jovens Adultos com o método cubano “Sim, Eu Posso!”, de Porto Alegre.
Inicialmente o método foi implementado nas áreas de reforma agrária, sobretudo em alguns estados do Nordeste e também no Paraná. “Nesse espírito de solidariedade o MST entendeu que também era sua tarefa levar essa rica experiência para os territórios urbanos, as periferias. Nesse contexto que se montou Brigadas Nacionais de Alfabetização, onde tivemos alguns educadores e educadoras aqui do Rio Grande do Sul que se somaram nessa tarefa”, afirma a militante do MST e do Coletivo Estadual de Educação Juliane Soares Ribeiro.
De acordo com Juliane, há algum tempo havia o estudo do método no RS e que a partir do diálogo com os militantes, que contribuíram nas Brigadas Nacionais de Alfabetização, foi tomada a decisão de buscar parcerias para implementar ele no estado. Em um primeiro momento o movimento buscou parcerias com algumas prefeituras, mas infelizmente o processo não andou. “Ano passado, a partir do vínculo do Movimento Sem Terra com as cozinhas solidárias aqui da região Metropolitana iniciou-se o dialogo com a Associação de Moradores ali da Pedreira, e demais parceiros, como a Associação José Martí.”
Primeira turma
A articulação da primeira turma foi feita pelo Fórum Social das Periferias com a Associação Cultural José Martí do RS, e implementada juntamente com MST, Associação dos Moradores Força Maior da Vila Pedreira, Levante Popular da Juventude, Organização Olufé, Esperançar e demais parceiros.
Segundo expõe Juliane e o presidente da Associação José Martí, Ricardo Haesbaert, a partir da demanda concreta da associação, da articulação e da construção de um coletivo de acompanhamento, foi possível dar os primeiros passos, de mapear os educandos, organizar a infraestrutura do local das aulas, fazer formação com os educadores e após longos passos, muitas reuniões de planejamento, concretizar o inicio das aulas em outubro de 2024.
De acordo com o Censo Demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, dos 163 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade no país, 151,5 milhões sabiam ler e escrever um bilhete simples e 11,4 milhões não sabiam.
A Região Sul continua com a maior taxa de alfabetização, que aumentou de 94,9% em 2010 para 96,6% em 2022. Apesar disso, o estado gaúcho registrou 256 mil analfabetos. Segundo dados da 4ª edição do Observatório da Educação Pública do Rio Grande do Sul, elaborado pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, da Assembleia Legislativa do RS, a matrícula para educação de Jovens e Adultos caiu de 39.995 em 2022 para 32.820 em 2023.
“É uma obrigação de quem tem consciência social, comprometimento com a libertação dos povos, implementar o Sim, Eu posso, mesmo que de forma ainda um pouco precária, porque não temos recursos. Mas estamos indo atrás e mostrando que é possível”, afirma Haesbaert.