Moraes envia duro recado para Mark Zuckerberg: “O Brasil tem lei”

Moraes envia duro recado para Mark Zuckerberg: “O Brasil tem lei”

Compartilhe

O CEO da Meta, empresa responsável pelo Facebook e Instagram, anunciou que as plataformas vão retirar os filtros de segurança e permitir discurso de ódio em nome da “liberdade de expressão”

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou um duro recado para Mark Zuckerberg, CEO da Meta, empresa responsável pelo Facebook e pelo Instagram, que anunciou na terça-feira (7) que a empresa vai retirar os filtros de segurança e permitir o discurso de ódio em nome da “liberdade de expressão”. As novas regras já entraram em vigor nos EUA.

Além disso, Mark Zuckerberg acusou a Europa e, de maneira indireta, o Brasil de “promoverem censura” e também declarou que a América Latina possui “Cortes secretas” que promovem a derrubada de conteúdos. O CEO da Meta claramente se refere ao caso em que o STF derrubou a rede social X por não respeitar a legislação brasileira.

Dessa maneira, Alexandre de Moraes, sem citar nominalmente Mark Zuckerberg, afirmou que o Brasil tem lei e que as empresas que quiserem operar no país terão de seguir a Constituição. O magistrado também classificou a declaração de Zuckerberg como “bravata irresponsável”. A declaração foi feita durante conversa com a imprensa nesta quarta-feira (8) em Brasília.

“Aqui no Brasil, a nossa justiça eleitoral e o nosso STF, ambos já demonstraram que aqui é uma terra que tem lei. As redes sociais não são terra sem lei. No Brasil, [as redes sociais] só continuarão a operar se respeitarem a legislação brasileira. Independentemente de bravatas de dirigentes irresponsáveis das big techs”, disse Moraes.

Sobre as mudanças da Meta, Moraes afirmou que não pode falar pelos outros países, apenas pelo Brasil. “Pelo mundo não podemos falar, mas, no Brasil, o Supremo Tribunal Federal não vai permitir que as big techs, as redes sociais, continuem sendo instrumentalizadas dolosa ou culposamente ou, ainda, somente visando lucro, para discursos de ódio, nazismo, fascismos, racismo, misoginia, homofobia e discursos antidemocráticos”, destacou o ministro do STF.

Após acabar com checagem, Meta permite que gays e trans sejam rotulados como “doentes mentais”

Em mais absurdo, as Diretrizes da Comunidade da Meta que regulam os conteúdos nas plataformas Instagram, Facebook e Threads, foram atualizadas e agora permitem posts que associem “doenças mentais” a pessoas LGBTQIAPN+. As alterações nas Diretrizes da Comunidade se aplicam a todos os países onde as redes sociais da Meta estão disponíveis. A nova versão substitui as regras de fevereiro do ano passado, com foco especial em questões de gênero.

Nesta terça-feira (7), Mark Zuckerberg, dono da Meta, empresa que controla as redes Facebook e Instagram, anunciou que vai acabar com os sistemas de checagem de fatos da plataforma. O anúncio foi feito por meio de um vídeo publicado pelo diretor-executivo.

Segundo Zuckerberg, o sistema de checagem, que tinha como objetivo impedir a circulação de notícias falsas na plataforma, será substituído pelas “notas da comunidade”, ferramenta similar à utilizada pelo X, rede social do bilionário de extrema direita Elon Musk. O recuso permite que a moderação de conteúdo seja feita pelos próprios usuários, e não mais por profissionais de checagem de fatos.

No vídeo em que anunciou as mudanças, Zuckerberg afirmou que pretendia “eliminar várias restrições em tópicos como imigração e gênero”. O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em 2023, que ofensas contra LGBTQIAPN+ configuram injúria racial. Em uma decisão anterior, de 2019, a Corte enquadrou a homotransfobia nos dispositivos da Lei do Racismo.

A nova versão das diretrizes afirma que a Meta permitirá “acusações de anormalidade mental relacionadas a gênero ou orientação sexual, especialmente quando discutidas no contexto de debates religiosos ou políticos, como questões de ‘transgenderismo’ e homossexualidade”. Segundo a companhia, “esses debates são considerados amplamente culturais e políticos”. Na prática, isso permitirá a associação de pessoas trans, gays e bissexuais a transtornos mentais.

A Meta também permite publicações que associem limitações de gênero a determinadas profissões. Segundo o texto, a empresa autoriza “conteúdo que defenda limitações de gênero em empregos militares, policiais e de ensino”. Além disso, será permitido alegar limitações com base na orientação sexual, desde que o conteúdo esteja “baseado em crenças religiosas”.

Isso inclui, por exemplo, argumentos de que mulheres “não têm capacidade” para atuar no serviço militar ou que pessoas trans “não podem ser professoras”. A nova diretriz também amplia o escopo de discussões sobre exclusão baseada em sexo ou gênero, que agora podem envolver temas como banheiros, escolas específicas, papéis militares, aplicação da lei e ensino, deixando de ser restritas a grupos de saúde ou apoio, segundo a Forum,

A Meta retirou da nova política a proibição de conteúdos que alegavam que determinados grupos, definidos por raça, etnia ou gênero, eram responsáveis por espalhar o coronavírus. Na prática, será permitido associar, por exemplo, os chineses à disseminação da Covid-19.

Andréa Janer, CEO da Oxygen, avalia que a mudança na postura da Meta sobre restrição de conteúdos reflete um alinhamento com o novo governo dos Estados Unidos. Ela destaca que tanto Donald Trump quanto seu aliado Elon Musk são críticos do que chamam de “agenda woke”, termo adotado pela extrema direita para se referir a pautas de igualdade racial, social e de gênero.

“Os anúncios de hoje indicam que Mark Zuckerberg passou a estar assustadoramente alinhado com o X, de Elon Musk. Isso tudo tem uma agenda política por trás, com uma influência fortíssima da eleição de Donald Trump, que tem se aproximado com o universo da tecnologia desde que indicou o vice, JD Vance”

Meta quer ampliar caos com ideia de espalhar perfis oficiais de IA nas redes
Segundo a Meta, a empresa vai preencher o Instagram e o Facebook com perfis de robôs feitos com inteligência artificial, na esperança de que o engajamento com esses perfis artificiais aumente, impulsionando a principal métrica da companhia: o enagajamento. A declaração foi publicada pelo jornal Financial Times, com base em informações de Connor Hayes, vice-presidente de IA generativa da Meta.

“Esperamos que essas IAs façam parte de nossas plataformas ao longo do tempo, assim como as contas regulares”, disse Hayes. “Elas terão biografias e fotos de perfil, e serão capazes de gerar e compartilhar conteúdo gerado por IA… é nesse sentido que vemos a evolução”, concluiu.

O que virá daqui há uns anos pode ser assustador, novamente, no quesito de informação. Hayes afirmou que uma “prioridade” da Meta para os próximos dois anos seria tornar seus aplicativos “mais divertidos e envolventes”, o que inclui explorar formas de tornar as interações com a IA mais sociais, tentando igualar interações humanas com não-humanas.

A big tech lançou uma nova ferramenta que permite aos usuários criarem assistentes de inteligência artificial capazes de responder perguntas de seus seguidores. Além disso, a empresa planeja, este ano, introduzir um software de geração de texto para vídeo, possibilitando que criadores de conteúdo se insiram em vídeos gerados por IA.

Mark Zuckerberg já revelou o interesse em disponibilizar essa “tecnologia”. Ele realizou videochamadas ao vivo utilizando o avatar de IA de um criador, programado para conversar em um estilo semelhante ao dele. Os criadores também poderão personalizar o sistema, restringindo determinados tópicos ou destacando outros para promover conteúdos específicos.

Crítica não é só de especialistas

O anúncio do lançamento da Meta não foi bem recebido. A proposta de incluir perfis de bots gerados por inteligência artificial em suas plataformas gerou uma onda de críticas tanto na imprensa quanto nas redes sociais nos Estados Unidos.

O site 404Media afirmou que a empresa está “mais uma vez apostando seu futuro em bots distintamente não humanos, criados com o propósito expresso de inundar suas plataformas com conteúdo de baixa qualidade gerado por IA”.

Já o The Verge analisou algumas dessas contas e foi direto ao ponto: “ninguém pediu ou quer isso”. Diante da repercussão negativa, a CNN informou que a Meta começou a remover alguns desses perfis após usuários identificarem e exporem a estratégia controversa.

“Sem salvaguardas eficazes, as plataformas podem acabar promovendo narrativas enganosas através dessas contas baseadas em inteligência artificial”, alertou Becky Owen, ex-líder da equipe de inovações para criadores da Meta, à Financial Times.

MPF reage à ameaça de Zuckerberg
O Ministério Público Federal (MPF) decidiu oficiar a Meta, empresa que controla as redes Facebook, Instagram, Whatsapp e Threads, após o anúncio feito nesta terça-feira (7) pelo dono da big tech, Mark Zuckerberg, informando que acabará com o sistema de checagem de informações em suas plataformas.

No ofício, que será enviado à Meta no âmbito de um inquérito civil que tramita desde 2021 e que apura a responsabilidade das big techs nos conteúdos postados por usuários, o MPF questionará se a empresa também colocará fim ao sistema de checagem de fatos em suas redes sociais no Brasil e quais serão os impactos dessas medidas.

A medida do MPF é tomada em meio à sinalização de Mark Zuckerberg de que desrespeitará a Justiça brasileira, tal como faz Elon Musk, dono do X (antigo Twitter). Em seu anúncio, o dono da Meta, apesar de não ter citado o Brasil, disse que “os países da América Latina têm tribunais secretos que podem ordenar que as empresas derrubem coisas silenciosamente”.

Trump transforma perseguição em política oficial
Em um discurso no AmericaFest, evento ultraconservador realizado em Phoenix, Arizona, o presidente extremista eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que sua prioridade no início do segundo mandato, em janeiro de 2025, será “deter a loucura transgênero” e ameaçou pessoas trans.

“Assinarei ordens executivas para acabar com a mutilação sexual infantil e tirar os transgêneros do Exército e das nossas escolas dos ensinos fundamental e médio”, disse no AmericaFest. Em uma ato de transfobia, o presidente eleito declarou ainda que irá “manter os homens fora dos esportes femininos”.

“Será política oficial do governo dos Estados Unidos que haja apenas dois gêneros, masculino e feminino”, disse

Trump voltou a inflamar um dos debates mais acirrados da política americana: a política para transgêneros. Enquanto estados liderados por democratas e republicanos caminham em direções opostas sobre tratamentos médicos e livros sobre o tema, ele diz que vai haver uma “nova era” ao reassumir a presidência.

Compartilhe

%d blogueiros gostam disto: