Serviço de inteligência do governo Netanyahu vem orientando militares a voltarem para Israel por temerem onda de prisões por crimes contra a humanidade.
Yuval Vagdani, o soldado israelense que curtia férias no Brasil e acabou saindo às pressas do país após a Justiça Federal determinar à Polícia Federal uma investigação contra ele, em caráter de urgência, por acusação de ter cometido crimes contra a humanidade em Gaza, depois de uma denúncia da ONG Fundação Hind Rajab, não é o único caso de um militar que teve que interromper de forma assustada o seu descanso para não ir parar na cadeia.
O jornal francês Le Figaro reporta que outros integrantes de baixo escalão das IDF (Forças de Defesa de Israel) foram contatados em caráter de urgência máxima pelo serviço de inteligência do governo do primeiro ministro Benjamin Netanyahu para que interrompessem suas férias e saíssem rapidamente do Chipre, da Holanda e da Eslovênia, já que movimentações nos sistemas judiciários desses países, também acionados pela Fundação Hind Rajab, foram identificadas e eles correriam o risco de serem detidos e levados à prisão.
Na América Latina, além do Brasil, ações do mesmo tipo tiveram início na Argentina e no Chile, embora a Justiça dos dois países não tenha ainda tomado uma decisão à respeito da situação, como no caso brasileiro, em que um juiz determinou a instauração de uma investigação. Em todos os episódios, os soldados receberam ordens para voltarem imediatamente a Telavive.
O Le Figaro diz ainda que muitos militares do Estado judeu, especialmente aqueles que se filmaram ou fotografaram cometendo crimes dantescos em Gaza, correm agora o risco de serem detidos no exterior, alvos das ONG de defesa dos direitos humanos que os rastreia e “persegue” em qualquer lugar, acionando os sistemas judiciais locais para que emitam ordens de prisão. Até a Austrália entrou na dança e, segundo a imprensa do país da Oceania, um esquema de análise dos militares israelenses que pretendem ir passar férias por lá já está em funcionamento, no qual o viajante é obrigado a responder uma espécie de questionário onde é perguntado sobre “ter participado ou testemunhado genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade” em Gaza.
Vale lembrar que, por conta de uma ordem de prisão expedida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, na Holanda, o próprio primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant, não podem ir para pelo menos 124 países por risco de serem presos.