Ataques israelenses apavoram população síria

Ataques israelenses apavoram população síria

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Sob bombardeios nos últimos dias, cidade de Tartus vive pânico da guerra e insegurança com fim do governo Assad; apesar dos apelos da nova liderança do país, Netanyahu intensifica agressões militares.

Mahmoud Ali Ali, de 54 anos, chora ajoelhado diante da padaria improvisada que sustentava sua família até ser destruída. O sírio alauíta, de Tartus, no noroeste do país, contemplava, em desespero, o que restava de seu empreendimento, arrasado por bombas israelenses.

“Preciso que o mundo saiba o que está acontecendo aqui”, desabafou à reportagem de Opera Mundi. “Alguém precisa falar com o governo de Israel e parar os bombardeios. Crianças estão morrendo. As pessoas estão mortas de fome. Não temos casa. Não temos nada.”

Mahmoud se referia especialmente aos bombardeiros israelenses iniciados em 16 de dezembro, reduzindo seu negócio a escombros. Na madrugada daquele dia, Israel lançou uma ofensiva massiva à província de Tartus. Nessa região também fica uma base militar russa, na costa mediterrânea, até agora poupada por Benjamin Netanyahu.

O jornal libanês Al Mayadeen comparou a intensidade do ataque à bomba atômica sobre Hiroshima, em 1945, causando um tremor semelhante a um terremoto, sentido por moradores locais. Os alvos prioritários parecem ter sido bases militares

Em ambos lugares, era significativa a presença de combatentes do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), a nova força governista. Os membros do grupo contaram à reportagem que foram alocados naquelas repartições logo após os ataques israelenses.

Pouca coisa havia ficado de pé. O arsenal do antigo regime tinha sido devastado, sobrando apenas algumas munições espalhadas ruínas. No chão, por todos os lados, encontravam-se cartuchos vazios de origem russa, um testemunho do apoio bélico prestado por Moscou ao ex-presidente sírio Bashar al-Assad.

De acordo com o Observatório Sírio para Direitos Humanos (SOHR), nos 10 dias que se seguiram à queda do governo anterior em 8 de dezembro, com a tomada do poder pela coalizão liderada pelo HTS, Israel conduziu cerca de 500 ataques ao território sírio, além de ocupar novas áreas nas Colinas de Golã, violando o acordo de paz assi

“Por que explodem o povo se o governo Assad já foi removido?”, perguntou Ismail Adnan, morador de Marsahin, nos arredores de Tartus, que teve sua casa drasticamente afetada pelos bombardeios das forças israelenses. “Ninguém sabe o que vai acontecer com o HTS no poder, mas os ataques de Israel precisam cessar.”

As agressões militares sionistas agravam o medo sofrido pela população alauíta na região noroeste da Síria. O próprio Assad professa essa confissão religiosa, um ramo do islamismo xiita que é seguido por 11% da população, majoritariamente sunita. Boa parte da elite do antigo regime tem a mesma origem. Os alauítas foram, de certa forma, os protégés do velho governo, desfrutando de regalias e liberdades superiores aos demais grupo religiosos.

Com o fim da era Assad, o vácuo de poder está sendo gradualmente ocupado por líderes e militantes do HTS, cujas fileiras são predominantemente relacionadas com o salafismo e o jihadismo, frações do fundamentalismo muçulmano que se fizeram mundialmente famosas com a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Esses grupos sempre pregaram e praticaram abertamente a perseguição e a morte de quem não partilhasse suas crenças.

Por isso os alauítas têm medo. Sentem-se vulneráveis. As bombas israelenses reforçam esse sentimento e a percepção de que o novo governo nada fará para socorrê-los se os ataques continuarem.

*Opera Mundi

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