Os estragos que Braga Netto pode causar

Os estragos que Braga Netto pode causar

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“O general está no começo de uma prisão preventiva que testa sua capacidade de guardar informações e proteger cúmplices do golpe”, escreve Moisés Mendes

Braga Netto não conta com uma só defesa incisiva, categórica e incondicional que o console na condição de golpista encarcerado. Todas as figuras públicas que o defendem fazem volteios para dizer que ele deveria estar em liberdade.

Há manifestações protocolares, noticiadas sem destaque por não terem nem o componente de uma certa indignação. São defesas sem vitalidade, como as que partiram de Bolsonaro e de Hamilton Mourão.

Todos seguem a mesma linha de que é uma prisão injusta, o que não diz nada. E alguns até admitem, como Mourão, que um grupo de generais pode ter sonhado com o golpe, mas apenas como delírio, e esse pessoal todo era da reserva.

O senador Mourão até desqualificou os colegas, ao falar do que teria sido uma tentativa de golpe tabajara. Jornalistas que dão suporte às ideias e ações da direita, da velha e da nova, reforçam que a articulação envolvia só gente de pijama. E poderíamos ter então um golpe culposo, mas sem dolo.

Uma dúvida sumária a partir de agora, considerando-se as reações e um possível suporte de comparsas à situação de Braga Netto, é esta: que estragos acontecerão na sequência que possam mexer com o rumo das investigações e alterar a retórica frouxa dos que fingem defendê-lo?

Braga Netto é uma bomba que pode se implodir a qualquer momento? Qual a disposição do general em se livrar de parte da carga que deveria ser carregada por outros, para tentar atenuar suas culpas? Quem mais Braga Netto vai puxar para a cadeia?

O general é uma explosão possível, pelo temperamento que os colegas conhecem. E é também muito mais do que um arquivo. É o cabeça, o mais respeitável dos fardados e civis entre todos os golpistas.

Foi o primeiro em tudo da sua geração, teve uma formação que poucos tiveram, é talentoso e conheceu os corredores, as cozinhas e os subterrâneos da política e do poder, desde o momento em que comandou a intervenção de 2018 no Rio.

*Moisés Mendes;247

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