Charlie Angus denuncia práticas enganosas da empresa de papel e celulose ligada a interesses corporativos questionáveis
Ao 247, o deputado canadense Charlie Angus, do New Democratic Party, fez sérias advertências sobre as práticas da Paper Excellence, empresa de papel e celulose controlada pelo empresário sino-indonésio Jackson Wijaya. Angus destacou como a empresa enganou as autoridades canadenses para expandir seu domínio no mercado florestal, alertando que essa expansão representa um grande risco para o Brasil. “Se soubéssemos da ligação direta da Paper Excellence com a Asia Pulp and Paper (APP), essa operação nunca teria sido aprovada no Canadá”, afirmou.
Segundo o deputado, há evidências de que a Paper Excellence atua como uma fachada para os interesses da APP, conhecida por seu histórico de devastação ambiental e violação de direitos humanos. Angus relatou que a empresa convenceu o governo canadense de que operava de forma independente, enquanto admitiu a reguladores europeus que a APP e a Paper Excellence são, na prática, a mesma entidade.
“Nosso governo foi incrivelmente ingênuo”
Angus criticou o governo de Justin Trudeau por aprovar operações sem uma investigação adequada: “Nosso governo foi incrivelmente ingênuo. As conexões entre essas empresas estavam evidentes, mas foram ignoradas. Isso não pode se repetir no Brasil.”
Angus também expressou preocupações sobre os impactos ambientais e sociais associados à APP, como a perda de licenças de certificação florestal devido a más práticas. No Canadá, uma unidade da Paper Excellence foi fechada por violações ambientais, levando a disputas judiciais. “É alarmante que decisões sobre nossas florestas estejam sendo tomadas a partir de Xangai. Isso coloca em risco nossa soberania sobre os recursos naturais e expõe trabalhadores e comunidades a interesses corporativos que priorizam lucro acima de tudo”, enfatizou.
No Brasil, tentativa de controlar Eldorado Papel e Celulose
No Brasil, a Paper Excellence busca adquirir o controle da Eldorado Papel e Celulose, uma das maiores produtoras do país. Se a aquisição for aprovada, a empresa controlará mais de 400 mil hectares de terras brasileiras, área superior à soma das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. “Essa aquisição representa uma questão crítica de antitruste. O Brasil precisa investigar profundamente a estrutura corporativa desse grupo e decidir se é prudente entregar tanto controle sobre suas florestas a uma empresa ligada a práticas questionáveis em outras partes do mundo”, concluiu Angus.