O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quarta-feira (20), no Palácio da Alvorada, o presidente da China, Xi Jinping, em uma visita de Estado marcada por celebrações e acordos estratégicos. Este é o primeiro encontro presencial entre os líderes no Brasil desde a visita de Lula a Pequim, em abril de 2023. A ocasião reforça a relevância das relações entre os dois países, que completam 50 anos em 2024.
Xi Jinping foi recebido com honras militares, apresentações da banda do Exército e da Cavalaria, além da participação de crianças segurando bandeiras de ambos os países. A cerimônia ocorreu em um contexto singular, devido ao feriado nacional do Dia da Consciência Negra, que manteve os outros poderes sem expediente.
No Alvorada, ocorrem as assinaturas de mais de 30 atos de cooperação, uma declaração conjunta à imprensa e um almoço oferecido por Lula. À noite, o presidente chinês participará de um jantar no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, junto a autoridades brasileiras.
Acordos comerciais e ampliação de mercados
A visita de Xi Jinping marca avanços em diversas áreas da parceria sino-brasileira. Entre os acordos mais aguardados está a abertura do mercado chinês para produtos agropecuários brasileiros, incluindo farinha de peixe, sorgo, gergelim e uva fresca. Segundo fontes do governo, os protocolos técnicos já foram concluídos, aguardando apenas o anúncio formal.
Outros avanços esperados, como a habilitação de novos frigoríficos brasileiros para exportação e a revisão de protocolos sanitários, não foram finalizados a tempo, mas devem ser anunciados nos próximos meses. Entre os itens ainda em negociação estão miúdos bovinos e suínos, além de ajustes em protocolos para exportação de pescado e de grãos secos.
Relações comerciais bilaterais
A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, a corrente de comércio entre os dois países atingiu o recorde de US$ 157,5 bilhões, com um superávit de US$ 51,1 bilhões para o Brasil. Os principais produtos exportados incluem soja, minério de ferro e petróleo, enquanto o Brasil importa eletrônicos e máquinas do país asiático.
Além do comércio, a China é uma das maiores fontes de investimentos no Brasil, financiando projetos de infraestrutura, tecnologia e energia.
Cooperação estratégica e multilateral
Além das questões comerciais, os líderes discutiram o papel de Brasil e China em fóruns multilaterais, como BRICS, G20 e ONU, e o fortalecimento da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN). Lula e Xi também enfatizaram a importância de iniciativas conjuntas em temas globais, como mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável.
A presença de Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), reforçou o papel do BRICS como uma plataforma central na cooperação entre as duas economias emergentes.
Uma parceria em expansão
O encontro desta quarta-feira consolida uma relação estratégica que transcende o comércio, abrangendo temas de tecnologia, educação, segurança alimentar e diplomacia multilateral. “Brasil e China compartilham objetivos comuns no combate à desigualdade e na promoção do desenvolvimento sustentável. Este é mais um passo importante para aprofundarmos nossa parceria”, declarou Lula durante a cerimônia.
A visita de Xi Jinping reafirma o papel da China como um aliado central para o Brasil, num momento em que ambos os países buscam expandir sua influência global e fortalecer laços regionais e internacionais.