Os ataques com explosivos no Superior Tribunal Federal (STF) e na Câmara dos Deputados, ocorridos na noite de 13 de novembro em Brasília, não são meros incidentes isolados, mas sim uma grave ameaça frontal e organizada contra as instituições democráticas de nosso país. Um criminoso, de 59 anos, disparou uma série de artefatos em frente ao STF. O terrorista morreu no local, após ter sido atingido por uma das explosões.
Esse episódio soma-se a uma série de atos terroristas protagonizados pela extrema direita na história recente da política brasileira. Entre eles, destacam-se os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando golpistas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF, apenas uma semana após a posse do presidente Lula, e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal por bolsonaristas em 12 de dezembro de 2022. Esse tipo de violência não é uma prática nova entre extremistas: no auge da ditadura militar, em 1981, militares realizaram um atentado a bomba no Riocentro com o objetivo de incriminar grupos que se opunham ao regime, justificando assim a repressão e retardando a abertura política em andamento na época.
O que estamos presenciando é mais do que a ação de indivíduos isolados. Esses ataques fazem parte de uma estratégia perigosa e organizada, que visa enfraquecer as instituições e espalhar um clima de medo e terror entre a população brasileira. A extrema-direita tenta impor uma narrativa de que esses criminosos são “lobos solitários”, pessoas perturbadas que agem sem qualquer influência ou coordenação.
No entanto, a realidade é outra: esses atos são motivados por um discurso extremista e reacionário, disseminado de maneira sistemática pelo gabinete do ódio e que encoraja atitudes violentas contra as instituições que sustentam o regime democrático brasileiro. Há, nesse discurso, uma clara tentativa de minar a confiança na democracia e nas instituições, instaurando o caos e desestabilizando o Estado.
Ao descrever o autor desse atentado como um “lobo solitário”, os setores reacionários tentam reduzir a gravidade de um ato que, na verdade, representa uma ação calculada e incentivada por uma retórica autoritária e golpista. As investigações já indicam que o ataque foi planejado antecipadamente, reforçando que não se trata de um surto espontâneo de violência, mas de um ato que segue uma linha de raciocínio e objetivos alinhados com setores que, historicamente, se opõem à ordem democrática e ao processo eleitoral legítimo
Diante de uma ameaça tão grave, é imprescindível que as autoridades nacionais respondam de maneira enérgica e à altura da gravidade da situação. O Estado brasileiro deve mostrar sua força e sua capacidade de agir com firmeza para defender o regime democrático. É fundamental que o Brasil demonstre, perante esses ataques, que não haverá espaço para hesitações. Nossa democracia é inegociável, assim como as conquistas do povo brasileiro que garantiram a liberdade após décadas de lutas. Não podemos permitir que forças reacionárias, movidas pelo autoritarismo e pelo ódio, destruam o que o povo construiu e consolidou com tanto esforço.
O ministro Alexandre de Moraes, um dos principais alvos do terrorista, destacou que a única forma de alcançar a paz e a estabilidade é a responsabilização daqueles que atentam contra a democracia. Em suas palavras, “não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos”. Essa declaração reforça a necessidade de uma resposta contundente, em que os responsáveis por ataques contra o Estado democrático de Direito sejam julgados e punidos exemplarmente, a fim de dissuadir qualquer nova tentativa de ameaçar a integridade das instituições.
Devemos tratar esse caso pelo que ele é. Isso é consequência dos discursos intolerantes da extrema direita, que não apenas afetam as estruturas do Estado, mas que agora estão colocando em xeque a segurança de nossos cidadãos.
Estamos ao lado do povo brasileiro na luta pela soberania popular e na defesa intransigente das instituições democráticas. Não permitiremos que um movimento reacionário, orientado pelo ódio e pelo autoritarismo, ameace o futuro do país.
Daiana Santos é deputada federal pelo PCdoB do Rio Grande do Sul (RS) e presidenta da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deput