Israel rejeita cessar-fogo com o Hezbollah e ataques atingem cidades reconhecidas pela Unesco com mais de 4 mil anos.
Os bombardeios de Israel ao Líbano causaram 2.980 mortes desde o início dos ataques em 23 de setembro, segundo o Ministério da Saúde Pública libanês. Os números podem ser ainda maiores por conta dos corpos que ainda não foram resgatados ou identificados.
Nas últimas 24 horas, 71 pessoas morreram no país árabe e 169 ficaram feridas. Foram registrados, segundo o governo libanês, 109 bombardeios aéreos simultâneos em diversas áreas do país, a maioria deles nas cidades de Nabatiye (57), no sul do país (26) e na região de Baalbek-Hermel (24). O número total de bombardeios das forças israelenses já chega a 11.876.
Só em Baalbek, a duas horas de Beirute, 52 pessoas morreram nas últimas 24 horas, fruto da ofensiva de Benjamin Netanyahu. A população da localidade chegou a receber uma ordem de evacuação forçada da região.
O chamado para evacuação total colocou em risco o conjunto de ruínas fenícias de Tiro, quarta maior cidade do Líbano, que há 40 anos foi declarada Patrimônio Mundial pela Unesco.
As ruínas romanas listadas pela Unesco tem mais de 4 mil anos de história e, segundo um grupo cultural que organiza festivais no local, já apresentam rachaduras por conta dos ataques israelenses no entorno.
Jeanine Hennis-Plasschaert, coordenadora especial da ONU para o Líbano, afirmou que “as antigas cidades fenícias cheias de história correm sério risco de ficar em ruínas”.
“A herança cultural do Líbano não deve tornar-se mais uma vítima deste conflito devastador”, insistiu Plasschaert, se referindo também aos bombardeios na cidade histórica de Baalbek, no leste do país.
Deslocamentos forçados
Enquanto isso, mesmo após bombardear diversas cidades no sul do país, Israel rejeita qualquer tipo de cessar-fogo com o Hezbollah. O Exército israelense alega que ataca estruturas militares do grupo.
“O prolongamento, mais uma vez, da agressão do inimigo israelense contra as regiões libanesas (…) e o fato de ter atacado mais uma vez os subúrbios do sul de Beirute com operações destrutivas, constituem indicadores que confirmam a sua rejeição de todos os esforços para conseguir um cessar-fogo”, disse o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, em comunicado.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde setembro, além das mortes e do ataque a cidades históricas, mais de 830 mil pessoas se deslocaram internamente no Líbano por conta dos bombardeios israelenses.
Chama atenção também o ataque a alvos médicos por parte de Israel. Segundo o governo libanês, 178 paramédicos foram mortos até agora no país, enquanto 279 ficaram feridos e 246 veículos utilizados para trabalho médico foram atingidos por armas israelenses.