Três mil e trezentas Câmaras municipais serão dominadas a partir de 2025 por políticos filiados a partidos de direita

Três mil e trezentas Câmaras municipais serão dominadas a partir de 2025 por políticos filiados a partidos de direita

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Em 2.076 Câmaras, o cientista político identificou que todos os vereadores, sem exceção, são de siglas que atuam no campo da direita.

A partir de 2025, cerca de 3,3 mil câmaras municipais, do total de 5.570 municípios no Brasil, serão dominadas majoritariamente por políticos filiados a partidos de direita. A constatação é resultado da pesquisa inédita do cientista político Fábio Vasconcellos, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Representação e Legitimidade Democrática, que analisou os resultados do primeiro turno das eleições municipais. O resultado foi divulgado pela coluna de Lauro Jardim, no Globo.

Para medir esse domínio, Vasconcellos criou o índice “Taxa de Hegemonia”, que avalia o predomínio de grupos de direita e esquerda nos Legislativos municipais. O índice varia de zero a um: quanto menor o valor, mais inclinado à esquerda é o Legislativo; quanto maior, mais ele tende à direita. A hegemonia da direita é considerada quando a taxa supera 0,81. Esse cenário foi identificado em 3,3 mil câmaras de vereadores mencionadas, já com projeções para o ano de 2025.

O estudo aponta para um fortalecimento dos partidos de direita nos legislativos municipais, refletindo a tendência política atual do país.

Em 2.076 câmaras, aliás, Vasconcellos identificou que todos os vereadores, sem exceção, são de siglas que atuam no campo da direita. Nelas, a esquerda não faturou uma cadeira sequer.

Entre os principais exemplos, está Porto Velho (RO), com todas as 23 vagas ocupadas por nomes de PL, União Brasil, Republicanos, União Brasil, PSDB, PSD, PRTB, Avante, Agir e PRD. E também Praia Grande (SP); Vespasiano (MG); Rio Claro (SP); Parnamirim (RN); Luís Eduardo Magalhães (BA); Eunápolis (BA); Manacupuru (AM); Palhoça (SC), Paranaguá (PR), entre outras à direita.

Num cruzamento com dados populacionais, as 3,3 mil casas legislativas dominadas pela direita estão em localidades que, somadas, têm 83 milhões de habitantes. O patamar é quase 12 vezes superior às populações que elegeram vereadores que são, na grande maioria, de esquerda. De acordo com Vasconcellos, somente 382 câmaras vão ter esse perfil — elas representam 7 milhões de pessoas.

Ainda segundo o estudo, a sobreposição da direita sobre a esquerda é maior nos Legislativos municipais da região Centro-Oeste (a Taxa de Hegemonia chega a 1, o que indica que praticamente nenhum vereador de esquerda terá vez na maior parte das câmaras). Depois, comparativamente, vêm o Sudeste e o Norte (ambas regiões com índice 0,91), e o Sul (0,89). No Nordeste, a direita também se impõe (hegemonia calculada em 0,78), mas em menor proporção que nas outras áreas do país.

O movimento da cena parlamentar acompanha um diagnóstico anterior, também elaborado por Vasconcellos, de que as prefeituras também “endireitaram” após o pleito do início do mês.

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