Pelo menos 28 pessoas morreram, nesta quinta (17), no norte da Faixa de Gaza, depois que um ataque israelense atingiu uma escola em Jabalia. Entre as vítimas estão mulheres e crianças, deslocadas das suas residências devido aos bombardeios ininterruptos do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O diretor médico do hospital Al-Shifa, Medhat Abbas, disse à agência de notícias Reuters que mais de 160 pessoas também ficaram feridas no ataque e afirmou que “não há água para apagar o fogo. Não há nada.”
À Reuters, moradores também disseram que as forças israelenses estão bombardeando casas e colocando bombas em prédios antes de explodi-los remotamente, e que, efetivamente, isolaram Beit Hanoun, Jabalia e Beit Lahiya, no extremo norte do enclave, bloqueando a saída das pessoas, exceto para as famílias com permissão para obedecer às ordens de evacuação e deixar as três cidades.
“Escrevemos nossas notas de falecimento e não vamos deixar Jabalia. A ocupação está punindo por não termos saído de nossas casas nos primeiros dias da guerra, e nós também não vamos sair agora. Eles estão explodindo casas e estradas, e estão nos matando de fome, mas morremos uma vez e não perdemos nosso orgulho”, disse um homem, pai de quatro filhos, mas que não quis se identificar por medo de represálias, através de mensagem em um aplicativo de bate-papo.
Nos últimos dias, Israel tem intensificado os ataques ao norte de Gaza, em meio a sua ofensiva escalante na fronteira com o Líbano.
Na terça (15), mais de 50 pessoas morreram, segundo o governo local, após um bombardeio direcionado a diversas localidades do enclave árabe. A operação levantou preocupações entre palestinos e agências da ONU de que Israel quer expulsar moradores do norte.
O Ministério da Saúde de Gaza disse que o Exército israelense ordenou que os três hospitais que operam lá fossem evacuados, mas a equipe médica disse que estava determinada a continuar seus serviços, mesmo estando sobrecarregada pelo crescente número de vítimas.
Na segunda-feira, o Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, condenou o número de vítimas civis no norte de Gaza.
A parte norte de Gaza abriga bem mais da metade dos 2,3 milhões de pessoas do território, e centenas de milhares de moradores foram forçados a fugir de suas casas em meio a bombardeios pesados na primeira fase do ataque de Israel ao território. Cerca de 400.000 pessoas permaneceram, de acordo com estimativas das Nações Unidas.