Um quarto da população do Líbano foi obrigada a abandonar sua casa para fugir dos bombardeios de Israel ou atendendo às ordens de evacuação desse país, informou a Organização das Nações Unidas (ONU).
“As pessoas estão atendendo a esses chamados para evacuar e estão fugindo com quase nada”, afirmou Rema Jamous Imseis, diretora da agência da ONU para refugiados no Oriente Médio. De acordo com ela, após as novas ordens de evacuação para 20 vilarejos no sul do Líbano, o número de afetados sobe para 1,2 milhão de pessoas, o que equivale a um de cada quatro libaneses.
No último ano, o país já registrou 2.300 mortos pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) e mais de 10 mil feridos, sendo 75% das vítimas concentradas nas últimas três semanas. Quase 300 mil libaneses fugiram para a Síria.
Nesses 21 dias, 125 crianças foram mortas e 800 ficaram feridas e mais de 1,2 milhão ficaram privadas de educação porque suas escolas foram destruídas ou estão sendo utilizadas como abrigos. É o que informa Ted Chaiban, o alto funcionário para Ações Humanitárias da Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Além disso, segundo a Unicef, 400 mil crianças foram deslocadas apenas nas últimas três semanas. O órgão alertou para “os riscos do país ter uma geração perdida”.
Amontoados em abrigos
Chaiban disse que as crianças deslocadas estão amontoadas em abrigos superlotados, nos quais três ou quatro famílias dividem uma sala de aula e mil pessoas podem compartilhar 12 banheiros. Outras montam tendas ao longo das estradas, em praças públicas ou pátios de hospitais.
A ONU também denuncia que se observa um crescente direcionamento dos bombardeios para infraestrutura de saúde e socorro no Líbano, à semelhança do que se observa em Gaza. Os hospitais foram obrigados a fechar ou operam em condições precárias, sobretudo os do sul do país.
Os hospitais menos afetados, por outro lado, estão sobrecarregados. É o caso do Rafik Hariri, a maior unidade hospitalar pública do país. Exaustos, alguns de seus profissionais de saúde já dormem nos hospitais onde trabalham.
“Esses ataques são graves violações do direito internacional humanitário”, frisou o coordenador humanitário da ONU para o Líbano, Imran Riza.
Hospitais sobrecarregados
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde que o conflito com o Hezbollah se intensificou, há três semanas, registraram 16 ataques ao setor de saúde libanês, com 65 trabalhadores da área mortos.
Reportagem do jornal New York Times retrata a situação do hospital privado St. Therese, seriamente danificado por ataques no início do mês. A equipe trabalhou dia e noite e tinham tudo pronto para reabrir domingo passado (13/10), quando novos bombardeios os levaram a estaca zero.
“Os civis não são apenas alvo, estão impedidos de receber ajuda”, disse o ministro da Saúde do Líbano, Firass Abiad.