Os planos sujos de Netanyahu e seus aliados linha-dura na guerra

Os planos sujos de Netanyahu e seus aliados linha-dura na guerra

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Descubra como a guerra em Gaza está sendo usada como peça central de uma agenda política extremista em Israel, com consequências que podem mudar o destino do país — e do Oriente Médio


O governo de Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, enfrenta um momento decisivo em sua história recente, impulsionado por uma coalizão de direita que busca influenciar os rumos da guerra em Gaza e a política interna do país. Enquanto as operações militares continuam a devastar Gaza e o Líbano, muitos se perguntam qual é o verdadeiro objetivo dos linha-dura que sustentam o governo Netanyahu.

A influência crescente do judaísmo messiânico

Grande parte da força política de Netanyahu vem de grupos ultranacionalistas e religiosos, como os adeptos do judaísmo messiânico, um movimento que mescla o judaísmo ultraortodoxo com um fervoroso nacionalismo. Esse grupo defende um estado judeu puro, o que inclui o desejo de reconstruir o Templo de Salomão no mesmo local onde hoje se encontra a Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do islamismo.

Com o aumento da influência desse movimento dentro das forças armadas e do governo, suas visões radicais têm moldado as políticas de guerra de Israel. Unidades militares, como o batalhão Netzah Yehuda (Judá para Sempre), compostas em grande parte por soldados provenientes de famílias religiosas, estão entre as mais ativas no conflito em Gaza.

A Guerra e os objetivos de longo prazo dos linha-dura

Para os linha-dura que apoiam Netanyahu, a guerra não é apenas sobre a destruição do Hamas. Eles têm um objetivo muito mais amplo e ambicioso: anexar a Cisjordânia, eliminar a Autoridade Palestina, reocupar Gaza permanentemente e empurrar os palestinos para fora de Israel. Eles acreditam que a única solução é remover qualquer influência palestina e reconstruir Israel como um estado puramente judeu.

Além disso, esse grupo quer que Israel se afaste do secularismo, transformando o país em uma nação onde a religião desempenha um papel central nas decisões políticas e militares. A tentativa de Netanyahu de enfraquecer o poder judicial no início de seu governo foi vista como o primeiro passo nessa direção, com o objetivo final de controlar o exército, as agências de segurança e os tribunais.

Um Estado construído a partir de conflitos

A pressão do governo por uma ampla reforma judicial em 2023 desencadeou protestos massivos / Foto: Noa Ratinsky / Shutterstock via The Conversation

A sociedade israelense já passou por outros momentos em que o país se moveu para a direita, como após a guerra do Yom Kippur em 1973 e a segunda intifada nos anos 2000. Mas o ataque de 7 de outubro foi um divisor de águas, levando o governo a intensificar suas ações militares e endurecer suas posições. Desde então, a guerra tem se tornado uma peça central da política interna de Netanyahu, que agora conta com o apoio dos linha-dura para manter sua base de poder.

No entanto, essa visão de uma Israel mais religiosa e militarizada, sem espaço para uma coexistência pacífica com os palestinos, enfrenta desafios internacionais. Israel corre o risco de ser visto como um estado desonesto, o que poderia enfraquecer sua posição global e limitar suas opções militares e políticas.

Enquanto isso, a sociedade israelense se torna cada vez mais polarizada. O número de seculares deixando o país tem crescido, uma verdadeira fuga de cérebros que ameaça a estabilidade a longo prazo. A população que permanece parece estar mais radicalizada, o que reflete a influência dos linha-dura e do judaísmo messiânico no governo e no exército.

O futuro de Israel nas mãos dos linha-dura

O governo de Netanyahu, por enquanto, permanece firme. No entanto, a estabilidade política é frágil em tempos de guerra. Os linha-dura que o apoiam têm seus próprios interesses, e suas exigências vão muito além de uma simples vitória militar sobre o Hamas. Eles querem uma transformação completa de Israel, e a guerra, para eles, é apenas o começo.

 

*Por Por Paul Rogers, professor de estudos de paz na Universidade de Bradford

 

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