Netanyahu propõe renomear guerra em Gaza e ignora plano de resgate para reféns

Netanyahu propõe renomear guerra em Gaza e ignora plano de resgate para reféns

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Um ano após o início da ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convocou, nesta segunda-feira (07/10), uma reunião com seus ministros, na qual se preocupou em sugerir a mudança de nome que o conflito leva, em vez de priorizar os reféns ainda mantidos no enclave palestino.

Segundo o jornal Times of Israel, o governante mostrou-se insatisfeito com o nome “Espadas de Ferro” para as tropas das Forças de Defesa Israelenses (FDI, como é chamado o exército do país) que atacam Gaza sob justificativa de combater o Hamas.

Assim, sugeriu que o conflito passe a ser chamado de “Guerra do Renascimento” por “refletir melhor a natureza do conflito”

“Esta é a guerra da nossa existência — a ‘Guerra do Reavivamento’. É assim que eu gostaria de chamar oficialmente a guerra”, disse Netanyahu durante a reunião, citado pelo jornal.

A sugestão suscitou manifestações entre seus ministros, mas não por discordarem da necessidade de editar o nome do conflito. O ministro Gideon Sa’ar, que não é responsável por nenhuma pasta, mas ocupa um assento no Gabinete de Segurança e o ministro da Diáspora, Amichai Chikli, se opuseram à sugestão, porque “soava muito parecida” com a “Guerra da Independência”, nome que Israel atribuiu para a Primeira Guerra Árabe-Israelense, que teve fim em 1948, mas conhecida entre os palestinos como parte da Nakba, quando foram expulsos de suas terras pelo sionismo.

Por sua vez, um posicionamento mais crítico à sugestão de Netanyahu veio do líder da oposição, o deputado Yair Lapid.

“Não haverá reavivamento até que todas as pessoas sequestradas e deslocadas retornem para suas casas. Você [referindo-se a Netanyahu] pode mudar quantos nomes quiser, mas não mudará o fato de que, sob sua supervisão, o desastre mais terrível desde o estabelecimento do país aconteceu ao povo de Israel. Este não é o governo da revitalização, é o governo da culpa”, declarou por meio das redes sociais.

O primeiro-ministro insistiu ainda, em concordância com posicionamentos anteriores, que “terminará a guerra quando atingir todos os objetivos”, identificados por ele como “derrubar o governo maligno do Hamas, devolver todos os reféns para suas casas, mortos e vivos, e frustrar qualquer ameaça futura de Gaza para Israel”.

Netanyahu chegou a abordar os reféns que ainda estão mantidos em Gaza durante a reunião, mencionando a “obrigação” que tem em “trazê-los de volta”, mas sem informar planos de resgate ou de cessar-fogo, exigência do Hamas para libertar os cativos.

“Recordamos os nossos mortos, os nossos reféns que somos obrigados a trazer de volta e os nossos heróis que tombaram em defesa da pátria e da nação. Há um ano vivemos um massacre terrível”, declarou Netanyahu em comunicado divulgado pelo seu gabinete.

Enquanto isso, as famílias dos reféns protagonizam manifestações em frente à residência de Netanyahu, em Jerusalém, para pedir um acordo para a libertação dos cidadãos em Gaza e pelo cessar-fogo.

Cerca de 20 familiares soaram uma sirene durante dois minutos, choraram e protestaram: “Foi um ano de pesadelo. Não nos lembraremos das operações [militares]. O que nos lembraremos para sempre são os cativos”, declarou Eli Albag, mãe de Liri Albag, uma dos cinco soldados de vigilância sequestrados da base de Nahal Oz.

*Opera Mundi

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