Por unanimidade, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (8) a indicação do nome de Gabriel Galípolo para presidir o Banco Central (BC). A designação do economista será apreciada ainda hoje no plenário da Casa, onde vai precisar da maioria dos votos.
“Quero aproveitar a oportunidade para publicamente agradecer o presidente Lula pela indicação”, disse o economista no início da sabatina.
Para enfatizar que terá autonomia nas suas decisões, Galípolo disse que nos encontros com o presidente escutou de “forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro”.
Sobre as altas de juros, as quais o presidente tem sido o maior crítico, o economista disse que o papel do Banco Central é permitir o arranjo dos preços relativos de bens e serviços, sempre com a perseguição da meta de inflação.
“Agora olhamos para a economia brasileira e ela dá sinais de que está em um estágio diferente de boa parte do mundo. Hoje o Japão começou a subir juros, a China e a Europa estão em processo de desaceleração. Temos o desemprego na mínima histórica, a renda em crescimento, a indústria no máximo da capacidade instalada nos últimos onze anos. É uma economia pujante. Tudo isso sugere ao BC um processo de inflação mais lento e custoso, devemos ser mais conservadores para atingir a meta inflacionária estabelecida”, respondeu.
Disse que não sofreu pressão de Lula para baixar os juros e, sobre possível coerção do presidente e de outros agentes políticos, o indicado adiantou que vai trabalhar com liberdade e de acordo com sua consciência.
“Adoraria poder me vangloriar disso, em um ano e meio como diretor de Política Monetária já fiz as três opções possíveis: manter, aumentar e diminuir a taxa de juros. Mas a verdade é que nunca sofri pressão, seria leviano de minha parte dizer que isso aconteceu”, afirmou.
“Todas as recomendações que recebi, do próprio presidente Lula e também aqui no Senado, foi para agir de acordo com minha consciência, caso contrário começaria a empilhar equívocos. Minhas decisões são tomadas de acordo com o que for melhor para a população brasileira e aqui assumo o compromisso de continuar assim”, prometeu.
Desafios
Ele disse que o BC estará sujeito a momentos mais desafiadores, mas a atuação do órgão tem sido “inequívoca na persecução da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional”.
“Eu sei também que, muitas vezes, como sociedade, a gente se frustra pelos avanços em ritmo mais lento e em trajetória menos linear do que a gente deseja. Mas eu penso que os avanços e os bloqueios observados correspondem aos pesos e contrapesos próprios do processo democrático e ao tempo necessário para o debate público e a construção de consensos”, argumentou.
Galípolo afirmou aos senadores preferir “sempre as dores do processo democrático às falsas promessas de atalho”.
“Reconheço ainda que existem numerosos desafios pela frente, como a consolidação de uma agenda capaz de criar uma economia mais equânime e transparente, capaz de combinar maior produtividade e sustentabilidade, o que envolve o compromisso permanente do Banco Central no combate à inflação, para garantir que o atraso não seja fruto do avanço na direção errada”, defendeu.