Boulos vai ao segundo turno contra Ricardo Nunes

Boulos vai ao segundo turno contra Ricardo Nunes

Compartilhe

 

A disputa pela Prefeitura de São Paulo será definida no segundo turno entre o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Com 99,97% das urnas apuradas, Nunes somava 29,48% dos votos válidos, enquanto Boulos alcançava 29,07%. Pablo Marçal (PRTB), que ficou de fora da disputa, obteve 28,14%. Com essa apuração, não há mais possibilidade de reversão dos resultados.

As pesquisas de intenção de voto já indicavam uma disputa acirrada entre os três principais candidatos. Agora, Boulos dá início a uma nova campanha eleitoral, em que a polaridade fica mais definida, o que pode facilitar a conquista dos votos necessários para vencer o pleito. A candidata Tábata Amaral (PSB) já declarou seu voto e apoio a Boulos, tendo conquistado quase 10% dos votos paulistanos (605.328 votos).

Pablo Marçal encerrou sua participação nas eleições municipais neste domingo, sob o signo do vale-tudo que caracterizou toda a campanha. Ele concederia uma entrevista coletiva em um centro de convenções em Pinheiros após o resultado, mas não apareceu, conforme a cartada de um atestado médico falso contra Boulos tornou-se uma questão criminal para ele. O influenciador chegou a contratar um trio elétrico para celebrar uma vitória antecipada na Avenida Paulista no primeiro turno. Agora, o coach que ensina a enriquecer com o poder da mente vai ter que encarar os processos por todas as calúnias que vomitou contra seus adversários.

Seus apoiadores acreditavam que Marçal sairia maior da eleição do que entrou e se projetaria como um líder da direita a nível nacional. No entanto, com a possibilidade dele ser condenado pela Justiça Eleitoral após divulgar um laudo médico falso na sexta-feira (4), que apontava que Boulos era usuário de cocaína, ele pode se tornar inelegível.

Polaridade nacional

A disputa entre Nunes e Boulos revive o embate entre o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apoia Boulos, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que prometeu apoio a Nunes, mas não compareceu, gerando dubiedade sobre quem seria o legítimo candidato bolsonarista. No primeiro turno, o padrinho político teve participação tímida, mas a expectativa é de que no segundo turno Bolsonaro assuma um papel mais ativo na campanha. Lula apareceu duas vezes em São Paulo para apoiar Boulos, enquanto Bolsonaro limitou-se a gravar vídeos para Nunes.

No primeiro turno, Boulos procurou atrair o eleitorado da periferia, mais identificado com a candidatura do atual prefeito, segundo as pesquisas. Agora, com o apoio de Lula, e uma campanha mais polarizada, a expectativa é obter o convencimento desta população superando a alta rejeição. Com apenas dois candidatos, as propostas também devem se tornar mais claras e posicionadas.

A eleição de 2024 também guarda semelhanças com a de 2020, quando Boulos enfrentou o então prefeito Bruno Covas (PSDB), que tinha Nunes como vice. Naquela ocasião, Covas venceu Boulos no segundo turno com quase 60% dos votos válidos. Nunes, agora buscando a reeleição, tenta consolidar sua gestão como uma continuação da administração de Covas.

A campanha foi marcada por trocas de ataques, principalmente entre Nunes, Boulos e Marçal, que se mostrou um adversário agressivo, levantando acusações controversas, como a divulgação de um laudo médico falso contra Boulos. Marçal também se tornou um obstáculo para Nunes, atraindo uma parte do eleitorado bolsonarista que o prefeito esperava conquistar.

Com a definição do segundo turno, o foco das campanhas se volta para a busca de alianças e a intensificação do discurso em torno de propostas que possam atrair o eleitorado indeciso e os votos de Marçal, Tábata e um reversão do . A cidade de São Paulo mais uma vez se prepara para uma disputa acirrada entre dois projetos de governo distintos.

Perfis em disputa

Guilherme Castro Boulos, de 42 anos, filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), é o atual deputado federal mais votado de São Paulo, eleito em 2022. Sua trajetória política inclui a candidatura à Presidência da República em 2018 e à Prefeitura de São Paulo em 2020. Na corrida pela prefeitura em 2024, Boulos conta com Marta Suplicy (PT), ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra, como vice em sua chapa, o que reforça sua aliança com setores do Partido dos Trabalhadores.

Durante esta campanha, Boulos adotou um tom mais moderado, buscando ampliar seu eleitorado. Na estratégia eleitoral, Boulos explorou o legado político de Marta Suplicy, e evitou confrontos mais agressivos com seus adversários, particularmente Pablo Marçal, apesar de pedidos de sua militância por um tom mais duro.

A disputa no segundo turno entre Boulos e Ricardo Nunes (MDB) reflete o embate entre dois polos políticos que marcaram a eleição presidencial de 2022, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoiando Boulos e Jair Bolsonaro (PL) dando suporte a Nunes. No primeiro turno, ambos os padrinhos políticos tiveram uma participação tímida. entanto, a expectativa é de que a presença de ambos seja mais forte no segundo turno, com mais envolvimento direto nas campanhas.

Ricardo Luis Reis Nunes, de 56 anos, é filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e atual prefeito de São Paulo. Ele assumiu o cargo em 16 de maio de 2021, após a morte do então prefeito Bruno Covas (PSDB), vítima de um câncer no sistema digestivo. Nunes, que era o vice-prefeito, já havia atuado como vereador por dois mandatos na capital paulista. Em sua chapa para a reeleição, o vice é o bolsonarista coronel Ricardo Mello de Araújo, do Partido Liberal (PL).

Durante sua campanha à reeleição, Nunes adotou uma estratégia tradicional para prefeitos que buscam permanecer no cargo, enfatizando as realizações de sua gestão nos últimos três anos. Esse discurso foi amplificado pela extensa cobertura na propaganda eleitoral, em que Nunes teve mais de 60% do tempo disponível, graças a uma ampla aliança política que incluiu 11 partidos. O rádio e a televisão foram ferramentas importantes na desconstrução de Pablo Marçal (PRTB), seu principal adversário da direita. Nos últimos momentos da campanha, Nunes também fez acenos ao bolsonarismo, um movimento estratégico para angariar apoio de eleitores de direita.

Compartilhe

%d blogueiros gostam disto: