“O confronto entre Nunes e Marçal seria devastador para o bolsonarismo ainda tutelado por Bolsonaro”, escreve o colunista Moisés Mendes.
O melhor cenário de segundo turno em São Paulo é o que está quase pronto, com Boulos contra Marçal. É o que pode salvar a cidade e as melhores expectativas para 2026. Porque Boulos derrotaria Nunes no primeiro turno e Marçal no segundo. Abalaria Bolsonaro, Tarcísio e toda a extrema direita.
Como Bolsonaro e Tarcísio irão se comportar, depois dos ataques ao ‘arregão e traidor’, num segundo turno de Marçal contra Boulos? Seria divertido acompanhar o dilema diante da única possibilidade de vitória relevante do fascismo, não só contra Boulos, mas muito mais contra Lula.
Mas o cenário mais espetacular, o mais terrivelmente tentador, seria o duelo de Marçal com Nunes. Esse embate iria expor os subterrâneos do bolsonarismo, numa guerra interna suja e com danos devastadores e imprevisíveis, diz Moisés Mendes, 247.
O enfrentamento Marçal x Nunes provocaria situações impagáveis do ponto de vista do entretenimento. O que Bolsonaro faria, sabendo que, se entrasse na briga por Nunes, poderia ser atacado pela base raiz que está do outro lado, fiel ao cara do PRTB?
Vale para Tarcísio de Freitas, o único bolsonarista que apostou tudo no prefeito até agora. O governador dobraria a aposta num segundo turno, se o cenário não fosse tão confortável para Nunes como mostram hoje as pesquisas, e se o bolsonarismo pró-Marçal contestasse esse apoio?
O impacto de um confronto entre os dois provocaria a fragilização das bases do bolsonarismo, defensor da manutenção da tutela de Bolsonaro. Segundo o Datafolha, Marçal tem o apoio de 51% dos que votaram em Bolsonaro. Nunes tem apenas 32%.
Na pesquisa anterior, de setembro, Marçal tinha 43%. Entre uma pesquisa e outra, no debate no SBT ele disse que mulher não vota em mulher. A rejeição entre as eleitoras cresceu para 59%, mas o ex-coach conseguiu o que pretendia: fortaleceu o engajamento dos machos bolsonaristas.
A conta de chegada mostra que pode ter saído ganhando, com o crescimento para 24% das intenções de voto, empatando com Nunes e a dois pontos de Boulos. Marçal apostou tudo no alargamento da sua base bolsonarista.