Um milhão e meio de argentinos foram às ruas nesta quarta (2) para exigir o cumprimento da Lei de Financiamento da Educação, que recompõe o orçamento universitário, duramente golpeado pelos cortes do governo do presidente Javier Milei. Em ato de vingança, o liberal anunciou nesta quinta (3) o veto à lei e que “vetará tudo que atente contra o equilíbrio fiscal”.
Estudantes, professores, representantes de movimentos sociais e sindicatos, assim como um grande número de manifestantes independentes sem bandeiras, se reuniram na praça em frente ao Congresso Nacional, em Buenos Aires, epicentro do protesto, que também foi replicado nas principais cidades do país.
Comprometido com o fundamentalismo fiscal, nos primeiros oito meses do ano, Milei fez as transferências para as universidades despencarem 30,1% – em termos reais – em relação ao mesmo período de 2023.
“É cabível que o Poder Executivo Nacional recorra ao instrumento constitucional do veto total à iniciativa legislativa que lhe foi enviada”, indica o boletim oficial publicado na página da Presidência.
Convocados pela Frente Sindical de Universidades Nacionais, os trabalhadores na educação e os estudantes ganharam apoio de organizações sindicais, políticas e populares, e o protesto ganhou peso em um momento de disparada dos índices de pobreza e indigência, que refletem a queda da produção, dos salários e do emprego.
O governo classificou a marcha como “política” e considerou as demandas de aumento salarial dos professores “injustificadas”, em meio a um cenário social cada vez mais tenso com os índices de pobreza ultrapassando os 50% da população.
“Não ao veto ao financiamento universitário!”, dizia um cartaz com a imagem de Mafalda, a irreverente personagem de quadrinhos que é símbolo da rebeldia na Argentina. “Educação não se veta, educação se respeita”, exclamava outro.