Israel mantém sua insana operação de guerra no Oriente Médio e, mesmo com apelos internacionais feitos no Conselho de Segurança da ONU, o país estendeu os seus ataques até a capital do Líbano, Beirute.
A invasão terrestre que foi anunciada somente para a região de fronteira não foi respeitada e avança no território. Estima-se que 2 mil libaneses já tenham sido mortos, enquanto Israel teve baixa de, ao menos, nove oficiais e outras dezenas de soldados que pode levar o número a mais de 50 baixas.
Enquanto isso cerca de um milhão de pessoas deixaram as suas casas com medo dos bombardeios de Israel, segundo a ONU.
Nesta quarta-feira (3), o exército do Líbano respondeu às agressões contra as fontes de disparo israelenses após um de seus soldados ser morto na região de Bint Jbeil.
A situação lamentável sob pretexto de atingir somente alvos do Hezbollah e que já vitimou milhares de inocentes fez com que o Irã entrasse no conflito.
O temor por uma escalada sem precedentes na guerra é acompanhado de perto pela ONU. De acordo com o que foi colocado na reunião do Conselho de Segurança, Israel promete retaliar o Irã pelos 200 mísseis lançados contra o seu território. O presidente dos EUA, Joe Biden, demonstrou apoio a tal ato.
Linha Azul
Antes da invasão por terra, Israel mantinha uma rotina de bombardeios no sul do Líbano. Desde então, a ONU prega respeito à Linha Azul pela resolução 1701.
Criada em 2006, a chamada à Linha Azul (fronteira israelo-libanesa) foi criada com a finalidade de trazer uma resolução para a Guerra do Líbano e manteve a estabilidade na região por algum tempo. Por ela se estabelece o “o desarmamento de todas as milícias no Líbano e fim ao contrabando de armas na região”.
Com a finalidade de respeito a resolução 1701, o subsecretário-geral das Operações de Manutenção de Paz, Jean Pierre Lacroix, disse nesta quinta-feira que 10.058 soldados de paz da ONU permanecem “unidos e comprometidos” em manter suas posições na Linha Azul para a proteção de civis.
Ainda que estes soldados não sejam utilizados em combate, somente no processo de proteção e manutenção da paz, um ataque de Israel que venha a vitimar os conhecidos “capacetes azuis” da ONU pode implicar em um novo capítulo sobre os desmandos do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Brasil condena declaração de Israel
Na última quarta-feira (2), Israel tornou o secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, persona non grata e ainda disse que ele estaria proibido de entrar no país.
O ato que atenta contra diplomacia mundial foi rechaçado pelo governo brasileiro. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou nota em que diz que o ato “prejudica fortemente os esforços da Organização das Nações Unidas em favor de um cessar-fogo imediato no Oriente Médio, da libertação imediata e incondicional de todos os reféns e de um processo que permita a concretização da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança”.
Confira abaixo a declaração completa:
O governo brasileiro lamenta e condena a decisão do governo de Israel, anunciada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, de declarar o secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, como “persona non grata”.
Tal ato prejudica fortemente os esforços da Organização das Nações Unidas em favor de um cessar-fogo imediato no Oriente Médio, da libertação imediata e incondicional de todos os reféns e de um processo que permita a concretização da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.
O ataque do governo de Israel a uma Organização que foi constituída para salvar a humanidade do flagelo e atrocidades da II Guerra Mundial e para proteger os direitos humanos fundamentais e a dignidade da pessoa humana não contribui para a paz e o bem-estar das populações israelense e palestina e afasta a região de uma solução pacífica.
Ao manifestar sua solidariedade ao Secretário-Geral António Guterres, o Brasil reafirma a importância das Nações Unidas, notadamente de sua Assembleia Geral e de seu Conselho de Segurança, nos esforços pelo cessar-fogo e por uma solução de dois Estados.
*Com agências internacionais