O exército israelense deu início nesta terça (1) à etapa terrestre da guerra no Líbano que pode levar a uma catástrofe no Oriente Médio. Segundo os militares, a operação consiste em “ataques limitados, localizados e direcionados” contra o Hezbollah no sul do Líbano. Na prática, o governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, dá início à fase chamada de guerra convencional, onde há intensa troca de tiros e movimentação de tropas.
Momentos antes, o premiê fez novas ameaças ao Irã em um vídeo publicado nas redes sociais e transmitido nos veículos de imprensa de Israel. O líder da extrema direita afirmou que o povo iraniano estará livre “mais cedo do que se imagina”, deixando no ar a possibilidade de ações diretas contra as lideranças em Teerã.
O país persa é o grande rival de Israel no Oriente Médio e o principal financiador do chamado Eixo da Resistência, grupos políticos armados xiitas e sunitas, como o Hamas, na Faixa de Gaza, o Hezbollah, no Líbano, e os Houthis, no Iêmen, que possuem grande histórico de conflito com Israel.
Um conflito direto entre o Irã e o estado judeu seria o pior pesadelo para a região, uma vez que os dois países possuem armamentos nucleares e um grande arsenal bélico.
No Líbano, as incursões dos tanques de guerra das Forças de Defesa de Israel (FDI, na sigla em inglês) foram apoiadas por ataques aéreos e de artilharia. O alvo são posições militares do Hezbollah “em aldeias próximas da fronteira” com Israel, que representariam “perigo imediato a comunidades no norte de Israel”, segundo um comunicado divulgado na manhã desta terça (1) pelos militares.
A invasão ocorre alguns dias após a IDF matar o líder do grupo armado libanês, Hassan Nasrallah.
O porta-voz dos militares israelenses, Avichay Adraee, enviou uma ordem a residentes de mais de 20 cidades do sul do Líbano para que saiam imediatamente de suas casas “para a sua própria segurança”.
A ordem é para que os civis se desloquem para a margem norte do rio Awali, cuja saída para o mar fica praticamente no meio do caminho entre a fronteira com Israel e Beirute.
O grupo xiita libanês reagiu à incursão terrestre israelense com disparo de mísseis direcionados, entre outras localidades, a Tel Aviv. De acordo com o Hezbollah, os projéteis foram direcionados a instalações do serviço secreto do país, o Mossad. A milícia Houthi também afirmou ter disparado foguetes em direção ao território israelense.
Antes de dar início a esta nova fase, Israel lançou durante duas semanas milhares de mísseis contra diversas localidades do vizinho ao norte. Além de entregar a cabeça de Nasrallah e vários outros líderes, os massivos ataques serviram para desestruturar a comunicação do Hezbollah e colocar o grupo islâmico em posição de defesa enquanto o assalto terrestre era organizado.
O número de mortos no Líbano chegou a impressionantes 1.700 mortes desde o 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou a operação Tempestade de Al-Aqsa, deixando 1.200 israelenses mortos e outros 200 reféns. Durante o período, no entanto, o foco de Netanyahu e sua coalizão ortodoxa e supremacista foi o desmantelamento do Hamas na Faixa de Gaza. Ao menos na retórica, porque a realidade é que as operações militares no enclave deixaram mais de 41 mil pessoas mortas e um rastro de crimes de guerra e genocídio.
Agora, ao ignorar os apelos da comunidade internacional e das instâncias intergovernamentais internacionais, como as Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional (TPI), Netanyahu ameaça arrastar todo o Oriente Médio para a guerra.