Chanceler russo destaca que publicações nos meios de comunicação dos EUA indicam consciência de Washington sobre ataques.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou neste sábado (28), em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que os EUA tinham consciência da preparação dos recentes ataques perpetrados por Israel contra o Líbano.
Lavrov classificou os ataques de Tel Aviv como “desumanos” e disse que não vê “o desejo de Israel de implementar quaisquer planos de paz”.
“Outro exemplo flagrante de métodos terroristas como meio de alcançar objetivos políticos é o ataque desumano ao Líbano, transformando tecnologias civis em armas letais”, disse o chanceler russo.
“É necessário investigar imediatamente este crime, mas agora é impossível ignorar inúmeras publicações nos meios de comunicação, inclusive na Europa e aqui nos Estados Unidos, que indicam um ou outro envolvimento, pelo menos a consciência de Washington, na preparação deste ataque terrorista”, acrescentou.
Desde a última sexta-feira (27), Tel Aviv tem promovido uma série de bombardeios ao Líbano, que atingiram a capital Beirute e já deixaram pelo menos 300 mortos e mais de 90 feridos. Entre as vítimas fatais, estão dois brasileiros: Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, que morreu junto de seu pai, que era cidadão libanês; e Mirna Raef Nasser, de 16 anos, natural de Balneário Camboriú, Santa Catarina, que morreu em meio aos bombardeios na região sul do Líbano.
Ademais, o governo israelense também coordenou a explosão de cerca de 5 mil pagers e walkie talkies, detonados simultaneamente no Líbano nos dias 17 e 18 de outubro, matando dezenas e mutilando milhares. O Hezbollah, cujos membros foram o principal alvo do ataque, caracterizou a ação como “um ato de terrorismo” israelense e uma “declaração de guerra”.
Em sua fala na ONU, o chanceler russo também apelou aos países engajados em iniciativas de busca pela paz na Ucrânia a considerarem a necessidade de eliminar as causas do conflito.
“Exortamos os nossos amigos, nos seus esforços futuros, a terem plenamente em conta os fatos que mencionei sobre as verdadeiras causas da situação atual [na Ucrânia]. Sem eliminá-las, uma paz justa baseada na Carta da ONU não pode ser alcançada”, disse Lavrov.
Ele enfatizou que a Rússia aprecia o desejo de vários parceiros de promover iniciativas de mediação na Ucrânia com a melhor das intenções e frisou a disponibilidade de Moscou para o diálogo.
“Não nos isolamos do diálogo com o Ocidente”, disse o chanceler na tribuna da Assembleia Geral.