Parlamento Europeu aprovou reconhecimento de González como presidente da Venezuela graças aos votos da extrema-direita; bloco de esquerda foi contra.
Na última quinta-feira (19), o Parlamento Europeu aprovou por maioria, graças sobretudo aos votos dos grupos da direita e da extrema-direita, uma moção na qual reconhecem Edmundo González como o “presidente legítimo” da Venezuela e instam as instituições comunitárias a fazer todo o possível para que ele assuma o cargo no próximo mês de janeiro. Além disso, solicitam ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que investigue os crimes supostamente perpetrados no país em decorrência das eleições presidenciais de 28 de julho, pelos quais responsabilizam o atual governo de Nicolás Maduro.
A votação a favor da moção foi aprovada com uma maioria confortável, graças aos 309 votos a favor do Partido Popular Europeu (PPE, que é o grupo majoritário da Câmara), do grupo de direita radical liderado pela primeira-ministra da Itália, a ultraconservadora Giorgia Meloni, e da extrema-direita da Alemanha e da Espanha, incluindo o partido Vox. No entanto, cinco eurodeputados do grupo socialista, especificamente de Portugal, também votaram a favor. Os 201 votos contrários à moção vieram do Grupo Socialista e dos demais partidos da esquerda europeia, que expressaram sua rejeição a este posicionamento. Além disso, houve 12 abstenções.
Posse de González “conforme a Constituição da Venezuela”
O texto final sofreu algumas modificações durante as negociações antes da votação, algumas delas substanciais, como o segundo ponto do documento original, que pedia à União Europeia (UE) e aos Estados-membros que realizassem um reconhecimento similar de Edmundo González como “presidente legítimo” em seus respectivos parlamentos, o que não foi aprovado. Exigem às instituições comunitárias que “façam todo o possível para garantir a posse de Edmundo González no cargo em 10 de janeiro de 2025, conforme a Constituição da Venezuela“.
Outra mudança importante no texto original foi em relação a uma ordem internacional de prisão contra Maduro por “crimes contra a humanidade”, que figurava no documento inicial e foi substituída por uma emenda em que se “pede ao TPI que inclua as violações dos direitos humanos e as detenções arbitrárias em curso em suas investigações sobre os supostos crimes contra a humanidade cometidos pelo regime de Maduro e que exija a responsabilização dos culpados”.
Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, o socialista José Manuel Albares, negou que o governo espanhol tenha participado das conversas e acordos entre Edmundo González e os irmãos Delcy e Jorge Rodríguez, que facilitaram sua saída do país através de um avião do Exército espanhol.
*Diálogos do Sul