Lula diz na ONU que falta dinheiro para o meio ambiente e que países caminham para “fracasso coletivo”

Lula diz na ONU que falta dinheiro para o meio ambiente e que países caminham para “fracasso coletivo”

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Presidente brasileiro também denunciou a subrepresentação do Sul Global na entidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, na manhã deste domingo, o maior engajamento dos líderes mundiais em termas da agenda global considerados críticos. Ao discursar na sessão de abertura da Cúpula do Futuro, evento paralelo à Assembleia-Geral das Nações Unidas, Lula afirmou que “faltam ambição e ousadia” no cenário atual.

— Vamos recolocar a ONU no centro do debate econômico mundial — afirmou.

O encontro, que antecede a 79ª Assembleia das Nações Unidas, foi convocado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

Lula também criticou a falta de dinheiro dos países desenvolvidos para mitigar os efeitos do aquecimento global. Disse que os recursos para financiar projetos ambientais são insuficientes e alertou que os chamados Objetivos de Desenvovimento Sustentável (ODS) podem se transformar em um grande fracasso coletivo.

— Os níveis atuais de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são insuficientes para manter o planeta seguro — disse.

Sobre os ODS, ele afirmou:

— Voltar atrás em nossos compromissos é colocar em xeque tudo o que construímos tão arduamente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo. No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo.

O presidente brasileiro ressaltou que não se pode recuar na promoção da igualdade de gêneros, nem na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação. Citou ainda como negativa a volta das ameaças nucleares e a necessidade de uma frente mundial de combate à fome.

— É inaceitável regredir a um mundo dividido em fronteiras ideológicas ou zonas de influência. Naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas seria vergonhoso.

Subrepresentação do Sul Global
Lula voltou a criticar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e disse que o Sul Global está subrepresentado no órgão. O presidente focou na defesa da reforma da governança global.

— A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades — disse Lula.

Em seguida, o presidente afirmou que as instituições de Bretton Woods desconsideram as prioridades e as necessidades do mundo em desenvolvimento.

— O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico.

Em trecho final do discurso, que acabou cortado pela transmissão oficial por exceder o tempo, Lula defendeu:

— Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos.

O que é a Cúpula do Futuro
A Cúpula do Futuro reúne líderes mundiais na sede da ONU, em Nova York, com o objetivo de estabelecer um novo consenso internacional para restabelecer a confiança corroída. Os líderes têm como desafio acelerar os esforços para cumprir compromissos internacionais e tomar medidas concretas para responder aos desafios e oportunidades emergentes.

O evento, que termina nesta segunda-feira, deve resultar no documento chamado Pacto para o Futuro, que vai incluir a digitalização global e uma declaração sobre as gerações futuras.

Na terça-feira, Lula fará o discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU. Ele deve destacar os compromissos do Brasil na presidência doo G20 (grupo formado pelas maiores economias do mundo), como o combate à fome, ações para mitigar os efeitos do aquecimento global e a reforma do Conselho de Segurança da ONU e dos organismos multilaterais de crédito, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

No mesmo dia, na parte da tarde, Lula e o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, organizam um evento paralelo denominado “Em defesa da democracia. Lutando contra extremismos”. A reunião será em formato de mesa redonda.

As propostos do G20 voltarão a ser discutidas na quarta-feira, último dia de Lula em Nova York, em uma reunião com líderes do grupo. Outros países que não fazem parte do bloco serão convidados.

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