Morros do Tabajaras e Dona Marta e vegetação da área de acesso a praias no Recreio são focos
Em meio a um período de temperaturas altas, em pleno inverno, e baixa umidade do ar, os incêndios se intensificam no Rio e, nos últimos dias, estão atingindo áreas urbanas tanto da capital quanto de cidades como Niterói. O estado teve, na última quinta-feira 460 focos, recorde de 2024, o que levou o Corpo de Bombeiros a instaurar um gabinete de crise. Desde o início do ano, foram mais de 16 mil ocorrências de incêndios em matas, um aumento de mais de 90% no território fluminense em relação ao mesmo período de 2023.
Nesta sexta-feira, até 17h30, os Bombeiros haviam sido chamados para combater 64 focos. A vegetação do Morro dos Tabajaras, por exemplo, pegou fogo nas faces voltadas para Copacabana e Botafogo. E chamas eram vistas na mata que dá para Laranjeiras do Morro Dona Marta, atrás da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Mesmo cenário da Pedra da Gávea, no Alto da Boa Vista.
Uma área de vegetação de acesso à Prainha e a Grumari, no Recreio dos Bandeirantes, também foi consumida. Na capital, foi preciso ainda combater o fogo em Vargem Grande, Irajá e Campo Grande, entre outros bairros.
Em Niterói, um incêndio no Morro das Andorinhas, em Itaipu, assusta os moradores da Região Oceânica desde a noite de quarta-feira. Nesta sexta-feira, os Bombeiros voltaram a ser chamados para combater focos em Itaipu. Na Baixada, houve registros em Nova Iguaçu, Caxias, Mesquita e Japeri.
— Mais de 95% desses incêndios florestais possuem causa humana, ou seja, acidental ou proposital. Por isso, é fundamental ficar atento a alguns cuidados que todos devem ter. Primeiro, muito cuidado ao descartar as guimbas de cigarro próximos de estradas e em áreas verdes também. Além disso, evitar realizar fogueiras, seja em acampamento ou até mesmo em locais próximos da sua residência. Jamais realizar queimadas, seja de lixo ou até mesmo para abrir algum outro tipo de cultivo na sua região. Lembrar também que é crime soltar balões e também não soltar os fogos de artifício — afirma o porta-voz do Corpo de Bombeiros RJ, major Fábio Contreiras.
Nem quilombo escapa
O interior do estado também arde em chamas. Parte da mata do Quilombo Santa Justina e Santa Izabel, em Mangaratiba, na Costa Verde, foi atingida. Moradores temem que as chamas cheguem ao bananal que é uma das bases da economia da comunidade.s
É a segunda vez esta semana que as labaredas tomam a região do Quilombo. De acordo Edevaldo Felipe da Conceição, uma das lideranças locais, a primeira queimada havia começado na segunda-feira e só foi controlada no fim da quarta-feira, pelos próprios quilombolas. O município está em situação de emergência.
Os focos controlados ficavam numa área de difícil acesso, na subida da Serra do Piloto, onde estão localizadas algumas das principais nascentes de Mangaratiba. Já o incêndio iniciado na manhã desta sexta-feira lambia a vegetação próxima à BR-101 (Rio-Santos), no caminho para Angra dos Reis e Paraty.
— Desta vez, o local do fogo é de mais fácil acesso para os bombeiros — disse Edevaldo.
Unidades de conservação são atingidas
Localizado a quase 60 km de distância do Parque Estadual Serra da Concórdia, o Monumento Natural Estadual da Serra da Beleza, em Valença, é mais um local atingido. O tamanho da área de proteção ambiental afetada ainda não foi mensurada. Mas moradores do distrito afirmam que o local está parecendo um “campo de devastação”.
Com o apoio de uma aeronave, equipes de guarda-parques do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) estão atuando para debelar focos em seis unidades de conservação: além da Serra da Concórdia, combatem as chamas na região de Secretário, em Petrópolis; no Parque do Desengano, em São Fidélis; na APA Macaé de Cima, em Nova Friburgo; no Parque estadual Cunhambebe, em Mangaratiba; e na APA Guandu
Na Serra da Concórdia, no município de Valença, guarda-parques identificaram focos de incêndio em locais distintos, realizando o combate direto e indireto às chamas, com o apoio de aeronave e do Corpo de Bombeiros. Também foram registrados focos de incêndio florestal na APA Guandu, no bairro Sá Freire, em Seropédica.
Ontem, 59 dos 92 municípios fluminenses estavam com risco muito alto de incêndio florestal, segundo o Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden RJ).
Com o aumento expressivo no número de ocorrência de incêndios florestais agravados pela estiagem, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade e o Instituto Estadual do Ambiente convocam a população a denunciar casos de fogo em vegetação para que os responsáveis sejam identificados e punidos.