A China está adiantando o lançamento da missão Tianwen-3 para Marte, agora prevista para 2028, dois anos antes do cronograma original. Isso coloca o país em vantagem na corrida espacial, enquanto os Estados Unidos enfrentam atrasos e aumentos de orçamento em sua missão de coleta de amostras do planeta vermelho.
Liu Jizhong, o projetista-chefe da missão chinesa, anunciou a nova data durante a Segunda Conferência Internacional sobre Exploração do Espaço Profundo, realizada em Huangshan, na província de Anhui, nesta quinta-feira. O objetivo da missão é retornar à Terra com cerca de 600 gramas de solo marciano.
A nova previsão de lançamento antecipa que as amostras de Marte cheguem à Terra por volta de julho de 2031. Segundo Namrata Goswami, pesquisadora de política espacial da Universidade Estadual do Arizona, essa mudança no cronograma demonstra a crescente confiança da China em sua tecnologia espacial. Se a China for a primeira a concluir uma missão bem-sucedida de retorno de amostras de Marte, o país poderá assumir a liderança global na exploração espacial.
De acordo com Quentin Parker, astrofísico da Universidade de Hong Kong, o cronograma é “agressivo” e há uma chance real de a China superar os EUA nessa empreitada. O país está oferecendo 25 kg de espaço em seu orbitador Tianwen-3 para cargas internacionais, o que demonstra a disposição de Pequim em colaborar com outras nações na exploração da Lua e de Marte.
A missão Tianwen-3 utilizará tecnologias de pouso, coleta de amostras e lançamento previamente testadas em missões anteriores, como a Chang’e-5 e a Chang’e-6. O módulo de pouso será enviado ao planeta vermelho usando dois foguetes Longa Marcha 5. A coleta de amostras será feita por meio de escavação multiponto, perfuração profunda e o uso de um rover.
Enquanto isso, a missão americana de retorno de amostras de Marte (MSR) enfrenta incertezas. A missão da NASA, que já coletou 25 amostras por meio do rover Perseverance, teve seu custo estimado em US$ 11 bilhões e poderá ser adiada para além de 2040. A NASA pediu recentemente ajuda a empresas como SpaceX e Blue Origin para desenvolver soluções mais rápidas e baratas.
Na corrida para Marte, a China avança rapidamente, enquanto países como a Índia e a Agência Espacial Europeia também planejam suas próprias missões ao planeta nas próximas décadas. O sucesso da Tianwen-3 não só aumentaria o prestígio da China na exploração espacial, como também impulsionaria seus planos de enviar humanos para Marte e construir uma base de pesquisa até 2045.