Professor decodifica o comportamento agressivo de Marçal nas redes e debates

Professor decodifica o comportamento agressivo de Marçal nas redes e debates

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Ao adotar tom debochado, Marçal silencia opositores e domina a pauta, tirando o foco de discussões nas quais já se mostrou despreparado

O nome do coach motivacional voltou ao noticiário na última terça-feira (13) depois que uma reportagem do UOL apontou que o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo cometeu “prática ilegal” ao desrespeitar resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre declaração de patrimônio.

Para comentar o assunto e aprofundar a discussão sobre as estratégias de Marçal para consolidar sua empreitada política, o jornalista Luís Nassif recebeu Ivan Henrique de Mattos e Silva, professor de Ciência Política da UNIFAP e Coordenador de Políticas Temáticas do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, e Marcos Jorge , coordenador Jurídico do escritório Wilton Gomes Advogados, mestre em Direito Administrativo pela PUC-SP.

Marco Jorge comentou que a omissão patrimonial de Pablo Marçal à Justiça Eleitoral já está sendo discutida por ferir a legislação eleitoral e as resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em especial o artigo 350 do Código Eleitoral.

Ao se lançar candidato à prefeitura de São Paulo, o coach motivacional declarou ser dono de três empresas. Na Marçal Holding, o pré-candidato declarou ao TSE ter R$ 250 mil de participação, mas para a Receita Federal, o patrimônio beira o montante de R$ 20 milhões.

Já na Marçal Participações, Pablo declarou o patrimônio de R$ 450 mil para o TSE e R$ 255.475 para a Receita. Por fim, na Flat Participações, não há bens declarados à Justiça Eleitoral, mas para a receita o patrimônio é de R$ 500 mil.

“Quando questionado, ele trata que foi um erro, uma omissão, coisa de contador. Vamos lá, coisa de contador. Primeiro que não é contador que faz registro de candidatura. Tem toda uma equipe, inclusive ele tem um corpo jurídico bastante robusto para essas eleições. Não é o contador que faz o registro de candidatura, é a equipe de partido, de campanha. Esquecer um bem, um patrimônio, uma aplicação financeira é uma coisa. Agora, em três casos segmentados, valores milionários, onde ele parece para o TSE ele quer mostrar que meio que aquele valor que consta no termo da junta comercial, sendo que para a receita ele traz um valor já de mercado mesmo, parece um tanto quanto absurda essa alegação”, comenta o entrevistado.

Diante de tal inconsistência, Jorge acredita que a jurisdição eleitoral da cidade de São Paulo vai agir firmemente contra ele, como já demonstrou em outras ocasiões.

Estratégias
Ivan Silva também participou do programa e analisou as estratégias da “Nova Direita”, da qual Marçal faz parte e tem figuras como Donald Trump, Jair Bolsonaro e Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria.

“A causa primordial [desse fenômeno no Brasil] é a crise profunda da nova república no seu pacto social construído no período da democratização”, aponta Silva.

O sucesso de Marçal e outras figuras da extrema-direita pode ser explicado por cinco fatores. O primeiro deles é o da meta política, que significa que há a compreensão de que a disputa cultural é a pré-condição para a conquista de espaços constitucionais.

Outro ponto é o anti-intelectualismo, que rejeita as estruturas formais, tradicionais de produção e validação dos regimes de verdade. “Basta ver a relação do Bolsonaro com as universidades, do próprio Pablo Marçal com as universidades”, observa Silva.

“O anti-elitismo é mimetização, valorização estética, ética e epistemológica do indivíduo médio. Não ser, como no conservadorismo clássico, uma figura sobre-humana, com características distintivas em relação aos liderados, mas que seja a sua representação”, continua o professor de Ciência Política.

*GGN

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