Médico diz que essa é “a última chance de preservar a opção de reprodução”. Regras atuais criam dilemas éticos e religiosos em Israel.
O israelense Avi Harush diz ter sentido que “algo horrível” estava prestes a acontecer alguns dias antes dos militares chegarem à sua porta. Seu filho Reef, de 20 anos, morreu em combate, em abril deste ano, na Faixa de Gaza.
“Disseram que Reef estava dentro do prazo que permite a extração de esperma e perguntaram se estávamos interessados”, contou Avi à BBC. Apesar de filho não ter deixado namorada ou esposa, o homem diz ver, na extração de esperma, algo em que a famíla possa se apegar após a morte do filho, diz o Metrópoles.
Apesar de chamar atenção, a escolha da família de Avi não é a primeira do tipo e faz parte de um grupo crescente que optou por congelar o esperma de seus filhos após o início da guerra.
Desde 7 de outubro de 2023, cerca de 170 jovens, tanto civis quanto soldados, tiveram seu esperma extraído, segundo o ministério da Saúde – número é aproximadamente 15 vezes maior do que no mesmo período em anos anteriores.
Atualmente, Avi e a família procuram uma mulher que aceite gerar o filho de Reef. O patriarca se diz determinado em conseguir que a gestação dos netos seja bem sucedida.
“Isso vai acontecer e os filhos dele receberão esta caixa”, afirmou, fazendo referência a uma caixa de papelão, repleta de diários, álbuns e lembranças de seu filho.
Dilema ético e religioso em Israel
“Ter esperma vivo de um filho falecido tem grande significado”, afirmou Itai Gat, diretor do banco de esperma do Centro Médico Shamir, que realiza pessoalmente a cirurgia para extração do espermatozoide. “É a última chance de preservar a opção de reprodução e fertilidade no futuro.”