Pressão do Copom por aumento de juros vai na contramão do desenvolvimento pujante

Pressão do Copom por aumento de juros vai na contramão do desenvolvimento pujante

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira uma ata que ressalta a possibilidade de novos aumentos na taxa de juros, atualmente em 10,5% ao ano, para combater um suposto risco inflacionário. A posição do Copom, que enfatiza os riscos inflacionários, encontra resistência tanto do governo Lula quanto de centrais sindicais e do setor produtivo por estrangular as chances de crescimento econômico.

Welington Duarte, professor do Departamento de Economia da UFRN, criticou em comentário ao Portal Vermelho, a abordagem do Copom, afirmando que a insistência em políticas monetárias conservadoras prejudica o desenvolvimento econômico. “Essa posição do Copom só ratifica a proposta de conservadorismo na condução de uma política monetária, que se choca fundamentalmente com o país que se pretende ter um desenvolvimento econômico mais pujante”, disse Duarte.

O economista Wellington Duarte (UFRN)

Ele argumenta que a postura do Banco Central trava investimentos, reduzindo a confiança do empresariado e impactando diretamente o setor público devido às altas taxas de juros sobre os títulos do governo. Conforme os juros sobem, quem tem títulos da divida recebem mais, o que asfixia ainda mais os cofres da União com endividamento.

Balanço de riscos

A ata do Copom detalha os fatores que podem elevar ou reduzir a inflação nos próximos meses. Do lado altista, estão a desancoragem das expectativas de inflação, uma maior resiliência na inflação de serviços e políticas econômicas que depreciam a taxa de câmbio. Do lado baixista, destacam-se a desaceleração da economia global e os impactos mais fortes do que o esperado do aperto monetário sobre a desinflação global.

Apesar do terrorismo anunciado pelo Copom, um dos principais fatores para o cálculo da inflação, – o custo da cesta básica – diminuiu em todas as 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE entre junho e julho de 2024. As maiores quedas ocorreram no Rio de Janeiro (-6,97%), Aracaju (-6,71%), Belo Horizonte (-6,39%), Brasília (-6,04%), Recife (-5,91%) e Salvador (-5,46%). Os dados foram divulgados nesta terça (6).

São Paulo registrou o maior custo da cesta (R$ 809,77), seguido por Florianópolis (R$ 782,73) e Porto Alegre (R$ 769,96). Nas cidades do Norte e Nordeste, os menores valores foram em Aracaju (R$ 524,28), Recife (R$ 548,43) e João Pessoa (R$ 572,38). O salário mínimo necessário em julho de 2024 foi estimado em R$ 6.802,88, 4,82 vezes o valor atual de R$ 1.412,00.

Contexto doméstico e internacional

O Copom destacou que tanto o cenário doméstico quanto o internacional exigem maior cautela na condução da política monetária. A atividade econômica interna, especialmente o consumo das famílias, tem surpreendido, divergindo das previsões de desaceleração. Esse dinamismo econômico, juntamente com a elevação das expectativas de inflação, dificulta a convergência da inflação à meta estabelecida.

O Banco Central tem ignorado a pressão de Lula para uma redução acelerada dos juros, indo na contramão das intenções do governo. Lula tem falado em entrevistas que o presidente do BC, Roberto Campos Neto “tem lado político e atua para prejudicar o país”. Segundo o presidente da República, a taxa básica de juros não está ajustada à realidade da economia nacional, que vem crescendo mais do que o esperado, gerando empregos e com preços sob controle. Portanto, deveria ser mais baixa.

O Comitê ressaltou que o desenrolar do cenário econômico será crucial para definir os próximos passos da política monetária. Enquanto avalia manter a taxa de juros elevada por um período prolongado, não descarta novos aumentos caso julgue necessário para garantir a convergência da inflação à meta. “O momento corrente é de ainda maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação, sem se comprometer com estratégias futuras”, afirma a ata.

Impacto no desenvolvimento

O comentário de Welington Duarte reflete uma preocupação com o impacto dessas políticas sobre o crescimento econômico. “O desenvolvimento econômico travado por um Banco Central é complicado. Crescer sendo empurrado para trás é uma das opções que nos leva a ficar, não no voo de galinha, mas correndo como uma tartaruga”, disse o economista. A manutenção de uma política monetária ortodoxa pode, segundo Duarte, comprometer o potencial de desenvolvimento do país, ao limitar os investimentos necessários para o crescimento sustentável.

A postura do Copom em relação à política monetária, focada na contenção da inflação através de possíveis aumentos na taxa de juros, coloca-se em conflito com as expectativas do governo, dos trabalhadores e da indústria, que clamam por medidas que incentivem o investimento e o crescimento econômico.

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