América Latina avança no diálogo na Venezuela e EUA tentam se apropriar

América Latina avança no diálogo na Venezuela e EUA tentam se apropriar

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EUA deram vitória à oposição. Agora recua e diz que é responsável pelo diálogo do Brasil, Colômbia e México na Venezuela. Mas Petro exclui EUA.

O Brasil avança na mediação da América Latina junto ao conflito político na Venezuela, dando voz a outras representações políticas, enquanto os Estados Unidos recuam e agora atuam para se apropriar de possível sucesso neste diálogo, após o reconhecimento de vitória ao opositor ser mal visto pelas países da região.

Os primeiros dias após o anúncio da Comissão Eleitoral da Venezuala de que Nicolás Maduro foi reeleito deram ao Brasil um peso de protagonismo sobre como as lideranças locais iriam se posicionar e, mesmo entre governos de esquerda, cobrar do país a transparência das eleições.

Mas a importância do presidente Lula na mediação superou as proporções esperadas, diante do risco de interpretação de interferência política. Desde então, o presidente brasileiro assumiu o tom de esperar as atas de registros eleitorais do país para parabenizar Maduro, sem deixar de elogiar o dia de votações e com a cautela de não incitar qualquer questionamento da legalidade do processo, menos de reconhecer a vitória da oposição.

Este último feito foi, contudo, o adotado por outros países da América Latina, iniciando-se pela Argentina de Javier Milei e pelos Estados Unidos, assim como Peru, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá.

No quinto dia após o anúncio de reeleição de Maduro pelo órgão eleitoral do país, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, emitiu comunicado afirmando que há “evidências esmagadoras” de que Edmundo González “recebeu a maioria dos votos na eleição presidencial da Venezuela em 28 de julho”.

O comunicado dos EUA foi seguido por pronunciamentos dos países da região alinhados politicamente com a oposição da Venezuela. “Todos podemos confirmar, sem lugar para nenhuma dúvida, que o legítimo ganhador e presidente eleito é Edmundo González”, havia escrito a chanceler argentina, Diana Mondino.

Diante das falas, países liderados por governos de esquerda – Brasil, Colômbia e México – decidiram se unir, em nota conjunta, na última quinta (01), e também firmar a posição pedindo transparência, mas sobretudo diálogo da oposição e situação na Venezuela para um desfecho eleitoral.

A iniciativa dos países foi amplamente elogiada por outras lideranças mundiais, como o presidente da França, Emmanuel Macron, que telefonou ao presidente Lula nesta segunda-feira (05).

Risco de autoproclamação da oposição
“O presidente Lula reiterou seu compromisso com a busca de uma solução pacífica entre as partes e que respeite a soberania do povo venezuelano”, informou o Planalto, em nota. Na conversa, os presidentes coincidiram que era necessário impedir um cenário similar ao de 2019, com a autoproclamação do opositor Juan Guaidó, que se declarou interino, sem legitimidade, e mantendo dois presidentes no país em completa instabilidade política.

Nessa mesma linha caminha o atual opositor Edmundo González, que chegou a emitir uma nota, nesta segunda, pedindo aos países estrangeiros apoio para que ele se autoproclame vencedor das eleições, assinando uma declaração de “presidente eleito da Venezuela”.

*GGN

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