Alto Comissário para os Direitos Humanos afirma que presos são privados de água e comida, e submetidos a choques eléctricos e afogamentos, entre outras violências.
Um relatório apresentado nesta quarta-feira pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos, órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), afirma que Israel mantém milhares de palestinos presos sob condições deploráveis, e que muitos deles são submetidos a técnicas de tortura, como choques elétricos, simulação de afogamento, privação de sono, entre outras.
O documento, assinado pelo alto comissário Volker Turk, demonstra que grande parte dos milhares de casos analisados são de pessoas que foram presas pelas forças militares de Israel após o início da ofensiva militar contra a Faixa de Gaza – que começou em 7 de outubro de 2023, há quase 10 meses.
O texto traz detalhes de muitos desses casos, e revelam que muitos prisioneiros palestinos jamais receberam qualquer explicação sobre o motivo de sua detenção. Também mostra casos de pessoas que passaram por diferentes centros penitenciários, e que costumam ser vendadas e algemadas durante esses traslados.
“Algumas pessoas permaneceram detidas secretamente e jamais tiveram acesso a um advogado ou a revisão dos seus casos por um tribunal”, afirma o documento.
Alto Comissário de Direitos Humanos também questionou fato de que muitos detentos palestinos analisados pelo estudo da ONU não tiveram acesso a um advogado, nem a um julgamento
Em outro trecho, o relatório descreve que “os detidos disseram que estavam em locais parecidos a jaulas, e que eram mantidos nus durante longos períodos usando apenas fraldas. Seus depoimentos indicam que foram vendados, privados de comida, água e sono, submetidos a choques eléctricos, simulações de afogamento e queimaduras com cigarros”.
Após apresentar o informe, o alto comissário da ONU, Volker Turk, declarou que “os depoimentos recolhidos pelo meu gabinete e por outras entidades que colaboram conosco indicam uma série de situações atrozes, que configuram violações flagrantes do direito humanitário internacional”.
Turk acrescentou que a maioria dos detidos em Gaza são homens e adolescentes, e que, entre os detidos após o dia 7 de outubro, a maioria foi capturada em hospitais, postos de controle e até mesmo em abrigos humanitários. “Alguns relatam ter sido capturados enquanto eram submetidos a deslocamentos forçados e seguiam instruções das forças de Israel”, explica.
Ao terminar sua apresentação, Turk fez um apelo às partes em conflito para que façam todo o possível para alcançar um cessar-fogo e garantir o pleno respeito pelo direito internacional.
*Opera Mundi