A investigação do Haaretz confirma mais uma vez que o Estado-Maior das FDI deu ordem para matar indiscriminadamente em 7 de outubro, seguindo as normas da Doutrina Hannibal.
Dentro do exército israelense, existe uma diretiva chamada “Doutrina Hannibal” que visa impedir a captura de soldados por todos os meios, incluindo o sacrifício das vidas daqueles que estão em cativeiro.
Tem sido usada desde a década de 1980 nas FDI e, ainda assim, muitos poucos meios de comunicação ocidentais falam sobre isso.
Por exemplo, o soldado Yossi Peled, que posteriormente foi ministro de Netanyahu, explicou que, no caso de os seus homens serem capturados, dispararia contra os raptores e os reféns sem hesitação: “Eu não largaria uma bomba de uma tonelada sobre o veículo, mas eu atiraria nele com uma bomba de tanque” e explicou que ele “preferia ser morto [por soldados israelenses] do que cair nas mãos do Hezbollah”.
Antes da guerra de Gaza de 2008-2009, o Tenente-Coronel Shuki Ribak afirmou que nenhum soldado seria raptado. “Qualquer que seja o preço. Em qualquer condição. Mesmo que isso signifique explodir a si mesmo com sua própria granada junto com aqueles que tentam capturá-lo.”
A utilização da doutrina Hannibal durante o ataque de 7 de Outubro permaneceu um enorme ponto de interrogação.
Recorde-se que, segundo dados comunicados por Israel, o ataque dos combatentes palestinos causou a morte de 1.189 israelenses, incluindo 377 policiais e militares.
Desde então, Israel matou pelo menos 40 mil pessoas em Gaza, incluindo mais de 15 mil crianças, e arrasou quase completamente o território.
Pesquisadores da revista médica The Lancet estimam o número de vítimas palestinas diretas e indiretas em 186 mil.
Haaretz confirma uso da Doutrina Hannibal
Israel já matou 200 vezes mais civis do que o ataque de 7 de Outubro, porém todas estas vítimas foram realmente mortas pelo Hamas?
O principal diário israelense Haaretz é categórico: a resposta é não. Numa investigação publicada em 7 de julho, nove meses após os acontecimentos, o jornal confirmou que a doutrina Hannibal foi usada para impedir o Hamas de trazer de volta reféns.
Documentos e testemunhos obtidos pelo Haaretz provam que Israel não hesitou em massacrar os seus próprios soldados, mas também civis.
O Haaretz detalha o dia com muita precisão. Às 7h18, quando o comando israelense soube de um rapto num posto fronteiriço israelense em Gaza, o estado-maior da divisão deu a ordem “Hannibal para Erez” e enviou um drone de assalto.
No final da manhã, o comando já não se contentou em ordenar ataques nas bases do seu próprio exército, mas deu “ordens mais gerais”.
Às 10h32, um general disparou bombas contra a Faixa de Gaza, “mesmo que soldados e civis estivessem em áreas abertas ou nas florestas ao longo da fronteira, escondendo-se dos combatentes palestinos”.
*Diálogos do Sul