Esquerda barra avanço da extrema direita na França

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A aliança anti-extrema-direita da França está a caminho de interromper a ascensão do Rassemblement National de Marine Le Pen, em uma eleição parlamentar antecipada que deixa a segunda maior economia da Zona do Euro em um limbo quanto ao seu próximo governo.

Estimativas provisórias de quatro institutos de pesquisa sugerem que o RN, que esperava garantir uma maioria absoluta na Assembleia Nacional, pode ter sido empurrado para o segundo ou terceiro lugar na eleição de alto risco.

Emmanuel Macron vota no domingo nas eleições antecipadas que convocou após uma onda de apoio ao RN nas recentes eleições europeias © Mohammed Badra/Pool/AFP via Getty Images

As projeções sugerem que a aliança de esquerda Nouveau Front Populaire (NFP) pode se tornar a maior força parlamentar, com entre 170 a 215 assentos, de acordo com Ipsos, Ifop, OpinionWay e Elabe. Mas os centristas do presidente Emmanuel Macron estavam logo atrás, com os institutos de pesquisa prevendo entre 140 a 180 assentos, uma grande queda em relação aos aproximadamente 250 que detinham na Assembleia Nacional anterior.

Os resultados projetados sugerem que a estratégia coordenada anti-RN, sob a qual a esquerda e o centro retiraram taticamente seus candidatos dos segundos turnos, valeu a pena. Apenas uma semana atrás, após o primeiro turno, Le Pen ainda previa com confiança que uma maioria governamental estava ao seu alcance.

Marine Le Pen tinha grandes esperanças nos resultados das eleições © Yoan Valat/EPA-EFE/Shutterstock

A incerteza terá repercussões tanto para a França quanto para a UE, dado o papel desproporcional de Paris em influenciar a política junto com a Alemanha. Os mercados estavam nervosos antes do primeiro turno, quando o RN estava forte nas pesquisas, mas desde então se acalmaram à medida que um parlamento fragmentado parecia mais provável.

No sistema francês, o presidente escolhe o primeiro-ministro, que geralmente vem do partido com a maior delegação na Assembleia Nacional, mesmo que não tenha a maioria absoluta.

Macron poderia tentar formar uma coalizão de deputados de diferentes partidos da esquerda, centro e direita, mas excluindo o RN e a extrema-esquerda La France Insoumise (LFI). Tal arranjo equivaleria a uma “coabitação”, e forjar tal acordo pode se mostrar difícil, dadas as grandes diferenças políticas entre os partidos.

Jordan Bardella, 28 anos, presidente da RN © Benoit Tessier/Reuters

Uma última opção seria nomear um governo tecnocrático a ser liderado por uma figura experiente, mas apartidária, embora tal arranjo não esteja de acordo com a tradição política francesa.

Embora as projeções sejam muito melhores do que o esperado para Macron, sua autoridade ainda sairá enfraquecida da eleição antecipada.

No início de junho, Macron apostou ao convocar a votação antecipada depois que sua aliança centrista Ensemble foi derrotada pelo RN de extrema-direita de Marine Le Pen nas eleições parlamentares europeias. O presidente defendeu a medida, que surpreendeu e irritou muitos até mesmo em seu próprio campo, como um momento necessário de “esclarecimento”.

Via Financial Times

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